sábado, 23 de julho de 2011

PARA NUNCA ESQUECER CEILÂNDIA!!!


Brasília/Ceilândia – 20 e 21 de julho – 20h00
Público aproximado:  210 pessoas
Sesc – Teatro Wagner Rossi
Amigos: Selma, Marcos, Ruli e Henrique
Café da manhã no hotel e um encontro de integrantes do Delírio, dos amigos do Polichinelo e do pessoal do espetáculo “Rebú”, do Rio de Janeiro. O Ricardo definiu, entre conversas de comidas e remédios, o Palco Giratório: “É giratório mesmo, porque a gente come, come, engorda e sai rolando...!” Quá! Quá! Melhor é relaxar e retomar as preocupações com o peso em 2012, porque neste ano não vai dar. Brincadeiras à parte, vamos voltar ao “Evangelho...”, agora em Ceilândia. Uma cidade muito, muito grande, que parece estar em eterna construção. Condomínios enormes de edifícios sendo construídos e uma babel urbana onde tudo se mistura. A Selma nos informa que o público é sensível e sincero e que as possibilidades de uma interação completa são enormes. O teatro do Sesc é um luxo. Um equipamento dentro de um complexo de esporte, arte e educação de encher os olhos e impressionar pela modernidade e pela beleza. Alguém disse para a Regina que em muitos lugares o Sesc é um verdadeiro oásis de cultura. Ninguém pode ter dúvidas ao visitar o Sesc de Ceilândia. E o teatro é de primeiro mundo. Instalações excepcionais e acústica fantástica. Mais de 400 lugares. O que vai acontecer? A Selma também nos conta que o teatro não tem mais que quatro anos e então que o público ainda não adquiriu a cultura de participar de suas atividades, mas que uma plateia fiel deverá estar presente. Quantos? Em torno de 50. No primeiro dia apareceram mais de 80. E tivemos uma apresentação de gala. Um público leve, de bem com a vida, coração aberto, disposto a curtir cada respiração do espetáculo com olhos vivos e sorriso escancarado. Tudo funcionou e o espetáculo foi crescendo, crescendo, o pão feito com carinho porque seria depois levado pelo Índio (nosso amigo motorista) que iria assar em sua casa com sua mulher Nova. Daquelas apresentações de lavar a alma e voltamos todos na van, uns tagarelas, vibrantes porque a Santa Ceia ficou abarrotada de gente querendo participar do espetáculo! E no segundo dia? Uau! Boca a boca em Ceilândia e mais de 120 pessoas estiveram prestigiando. Além de muita gente que voltou pra ver uma segunda vez. Foi então fantástico! O teatro vibrou, riu, silenciou, participou de cada pulsação do espetáculo com paixão e carinho. E de novo uma Santa Ceia abarrotada e mais, de muitas crianças porque pelo menos 20% da plateia era delas, que vieram com seus pais. O máximo! A passagem de Ö Evangelho...”por Brasília (Taguatinga e Ceilândia) foi deliciosa. Só prazer. O hotel ótimo, a comida genial (conheci um restaurante absurdo de tão bom – Mangai – só de comida do nordeste!), um atendimento mais do que cuidadoso do pessoal do Sesc e um público nota 10! Claro, houve um momento em que a Janja esqueceu completamente seu poema que começa com “Gosto de uma maneira muito carinhosa do que é inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno vôo e cai sem graça no chão...”. O elenco inteiro com a massa na mão, olhando fixo pra ela e o branco total em seus olhos vivos. Aí ela olha para todos nós e dispara: “É Clarice Lispector, gente!” E seguimos a peça e a plateia de Taguatinga nunca soube que ali tinha um poema inteiro, lindo, mas que ficou mais humano com a imperfeição da vida, que, podem crer, só enriquece e humaniza o teatro. O Edson, enlouquecido, ia para a coxia e pegava os adereços da Janja, achando que eram dele. E a Janja, nas entrelinhas, reclamava: “Quem é que pegou meu pano de prato? Minha bacia?” E o Edson pensando: “Oras, quem seria a anta?” O Guilherme exercitando o carisma do sorriso encantado (depois uma senhora queria tirar uma foto com ele: “Quero fotografar esse Jesuzinho loiro, de sorriso lindo!”), o Gustavo pegando ritmo e a Regina salvando todas as cenas! Foi delicioso reencontrar Brasília. Gosto dela cada vez mais. E agora mais uns 20 dias de intervalo quando fazemos “Minha Vontade de Ser Bicho” no Espaço Cênico (estreia dia 28, quinta-feira) e o Edson continua a ensaiar “Os Canalhas” em Passo Fundo. E no dia 12, uma apresentação no Festival do Palco Giratório em Curitiba. E vamos colocar a Deborah e a Tatyane na Santa Ceia! Ah, como vamos!!!
Ps: As fotos da Santa Ceia das duas apresentações vão ser postadas na semana que vem, porque o Guilherme esqueceu o cabo de transferência. Sorry, amigos!

DE VOLTA AO PALCO GIRATÓRIO - TAGUATINGA/BRASÍLIA


Brasília/Taguatinga – 18 e 19 de julho – 20h00
Público aproximado: 100 pessoas
Sesc – Teatro Paulo Autran
Amigos: Martha, Rossi, Ketrin e Índio!
Depois de quase dois meses de espera, retornamos ao Palco Giratório, direto para o centro do Brasil e com a Janja grávida de quase seis meses! O Gustavo retomando as palavras e o Tiago de “dread”, a Regina cuidando da cozinha e o Edson Bueno mais gordo. Brasília tem sido uma parada frequente. Desde 2007, quando viemos com “Capitu – Memória Editada”, que temos vindo todos os anos, com outros espetáculos e, palavras do Edson “... confessei aos amigos que, se na primeira vez fiquei um pouco assustado, digamos assim com a originalidade da cidade, à medida em que a visitava outras vezes ia adquirindo um certo prazer em viajar por suas imensas avenidas, suas lógicas urbanas muito especiais, seus desencontros e, mais que tudo, com a simpatia de seus habitantes.” Os brasilienses são simpáticos e recebem muito bem. Os que fizeram da capital do Brasil sua terra e os que aqui nasceram. Ok. Generalizar é um perigo, mas a sensação é exatamente esta. Nesta visita com “O Evangelho Segundo São Mateus”, quando fizemos duas apresentações em Taguatinga e mais duas em Ceilândia, fomos recebidos com muito, mas muito carinho. Sentimo-nos em casa, cuidados e agradados. Uma organização perfeita e um tratamento de quem precisa que assim seja, porque como disse o Rossi: “Vocês estão fora de casa...”. Verdade. Mas Brasília com seu ar seco e sua aparente frieza, causa do planejamento, é deliciosa e muito humana. E é, como deveria mesmo ser, uma mistura de sotaques, cores, ideias, comidas e sensações. Porque se vieram brasileiros de todos os cantos para construí-la e fazer dela sua terra, deram-lhe as cores da diversidade. Taguatinga é gigantesca, populosa demais e fervilha de gente e calor. Uma loucura! E a expectativa para o espetáculo é sempre uma ansiedade. Porque “O Evangelho...” sempre se faz sob o signo da fluidez e do diálogo com o público. É preciso, nos primeiros minutos, perceber a energia e a disposição da plateia, para dar o “start” do ritmo. Às vezes é tudo muito rápido e às vezes demora um pouco. Então que se temos, claro, o domínio do que estamos fazendo, também é do processo corrermos o risco de experimentar o que é diferente e misterioso. Há espetáculos em que o resultado é pura epifania e há outros em que esse risco provoca dor. Mas é pra ser assim mesmo. No espetáculo do dia 20, em seu início, o Edson confessou ao público um sentimento que nunca tinha expressado tão abertamente: “... quando ainda não era ator desta peça, apenas diretor, e ficava assistindo-a, sempre tinha a sensação de que tudo quanto sempre quis dizer com o teatro estava resumido nela... que todo o meu sentimento sobre a vida, as relações humanas e as humanidades estavam contidas nas palavras que escolhemos para fazer esta peça...”. E aconteceu o espetáculo, que começou fininho, sério e compenetrado, mas que aos poucos foi amolecendo e logo o público estava entregue ao diálogo e ao compartilhamento. Foi mais uma apresentação que deu prazer e que provocou todas as falações na van que nos levou para o Hotel Esplanada, claro, no setor hoteleiro, porque em Brasília tudo é assim. O Guilherme fica procurando o setor de hamburguers, o setor de forró, o setor de samba rock, o setor onde as meninas só gostam de magrelos louros de cabelo encaracolado e o setor de.... bem... Agora é Ceilândia!
Ps: As fotos da Santa Ceia das duas apresentações vão ser postadas na semana que vem, porque o Guilherme esqueceu o cabo de transferência. Sorry, amigos