sábado, 20 de agosto de 2011

SANTO DE CASA

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Curitiba – 12 de agosto – 20h
Público aproximado: 300 pessoas
Sesc da Esquina
Amigos: Tatyane, Deborah, Pamela.
O nosso encantado périplo pelo Palco Giratório/2011 começa a pegar fogo. A Janja já está grávida de quase 7 meses e tem mais 3 espetáculos conosco, este de Curitiba e mais dois em São Paulo. Vai ser substituída pela Cecé que está esquentando as turbinas. Mas antes de São Paulo e o Ceará (Que delícia voltar à Guaramiranga!), temos uma parada em Curitiba. Aqui, onde fizemos tantas apresentações do “Evangelho...”, a nossa casa. Aqui onde tudo começou (lá em2008!), aqui onde tudo tem cheiro e gosto de lembranças, processos, ensaios, expectativas, de passado, de presente e futuro. Aqui. E no Sesc da Esquina, uma dúvida pela receptividade. Quantas pessoas iriam? Como seria o espetáculo. Este que se metamorfoseou nas muitas viagens, nas muitas platéias, nas muitas histórias. Este que teve momentos em que até se descaracterizou, que ganhou em festa e perdeu em poesia. Que ampliou em ideias e se modificou pela energia de outros companheiros. Este “Evangelho Segundo São Mateus”, filho do Pessoa, do Pasolini, do Nietzche, do Dostoiévski e de todos os São Mateus que viraram um só. E de todos que o construíram e ainda o constroem. Estamos aqui, plenos de expectativas sobre o resultado em Curitiba. Logo cedo eu, o Thiago e o Gustavo Henrique chegamos no Sesc da Esquina pra montar o cenário e assim foi. Depois, conversa deliciosa com a Tatyane e um dia inteiro de corações que ora batiam mais rápido, ora ficavam calmos e cuidadosos, porque por algum mistério, parecia estreia. Às quatro da tarde a Regina me liga numa ansiedade que só. “Onde está a nossa mala com todos os adereços?”. “Aí, nas coxias!” “Não, aqui não!” E eu, literalmente me atiro para o Sesc, entender o que acontece. Em resumo, a transportadora que levou o cenário do Grupo Polichinelo, para o Rio de Janeiro, carregou nossa mala junto, por puro engano e golpe do destino. Eu na administração com a Pamela, tentamos resolver de algum modo. Nada é possível porque o caminhão está na estrada e incomunicável! Um sopro de determinação passa pela minha cabeça. Não sei como, nem de que jeito, mas VAMOS FAZER ESTE ESPETÁCULO! E corro para o palco encontrar a Regina. Dou de cara com ela com a lista pronta de tudo o que precisamos para o espetáculo. Ligo para o Thiago e peço que ele venha correndo para junto de nós. Largo R$ 100,00 nas mãos da Regina e peço que corram para o comércio comprar o que precisamos. A peça VAI sair! Ao mesmo tempo a Déborah e a Tatyane correm em minha direção enquanto a Pamela vira ao Sesc de cabeça pra baixo em busca de garrafas térmicas, panos, facas e tudo o que seja possível conseguir. Um esforço maluco porque o show não pode parar. A Janja na Cidade Industrial batalhando patrocínios da Lei de Incentivo e o Gustavo Saulle gravando uma Revista RPC. Todo mundo na rua e eu fico, no camarim do Sesc, com o Gustavo Henrique e uma sensação estranha de buraco no coração, crença em nossa capacidade de reconstruir o mistério com novos adereços, desconjuntados, heterogêneos. Outras texturas, outras cores, outros tamanhos e energias zeradas. Ah, meu Deus! E as coisas começam a aparecer no camarim, trazidas pelos funcionários do Sesc e pelos amigos. São tigelas, garrafas, abridores, copos, formas de pão e sabe-se lá mais o quê. Chega a Regina e o Thiago com, digamos assim, “coisas” e vamos dando forma a um coletivo de adereços com cara de tudo, menos do nosso espetáculo. Mas farão parte dele e sabemos disso muito bem. Não teremos guirlandas de flores para a cena do vinho, porque aí também seria demais. E não conseguiremos ensaiar, nem reconhecer nada. Tudo vai acontecer num grito, num respiro, num susto, num desejo, numa determinação. A Tatyana aparece no camarim trazendo chocolates para adoçar nossos corações aos pulos! “Obrigado, querida!” E minutos antes do espetáculo, percebemos que um evento especial acontecerá porque o Sesc da Esquina de quase 300 lugares, está lotado! Será, até agora, o nosso maior público no Palco Giratório. Uma emoção, mais uma das surpresas! A nossa casa! E aconteceu. Contei no início sobre os nossos adereços que estão em outro lugar, numa carroceria de caminhão e o público riu,  abriu um sorriso conjunto e nos abraçou, porque foi emocionante! Um espetáculo gigantesco, lindo, suave e energético, engraçado e poético, simples e complicadíssimo porque todo adereço que pegávamos tinha gosto, cheiro e tato de novidade. E no final, uma plateia encantada, apaixonada, amiga, aplaudiu delirantemente, apesar de tudo. Até vinho e café faltou (não deu pra todo mundo!), porque ninguém imaginaria tanta gente, sedenta do nosso teatro e da nossa loucura. Logo no início eu brinquei: “Dizem que santo de casa não faz milagre, mas nós vamos tentar fazer um hoje!”. E aconteceram tantos, tão bonitos. Regina, Edson, Gustavo Saulle, Guilherme e Janja (com uma barrigona que acolhe o Théo – ou será Téo? -) redescobriram a intensidade do nosso teatro. Foi como se o Grupo Delírio renascesse em Curitiba para atirar-se pelo Brasil na longa aventura do Palco Giratório. Lembrei do Guilherme Almeida me dizendo: “Deus te abraça!”- Bingo! Obrigado amigas do Sesc/Curitiba, vocês vibraram com a gente! Lá vamos nós!!!

3 comentários:

  1. Estava tudo MARAVILHOSAMENTE lindo e delirante como sempre. =D

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Parabéns à CIA pelo esforço para realização do espetáculo. A apresentação realmente foi incrível! Ótimos textos e uma interação gostosa com o público.

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