segunda-feira, 23 de maio de 2011

Videoclipe Grupo Delirio 1º Semestre

Depois de muitas aventuras, montamos um videoclipe mostrando um pouco do que esta sendo nossa viagem. Ao som de Bob Dylan, aqui esta o 1º semestre do Grupo Delirio no Palco Giratório:

domingo, 22 de maio de 2011

BEM AVENTURADOS...!

Recife, pelas lentes de Val Lima & Ana Lira.
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EPARE IANSÃ!!!

Em determinado momento do espetáculo, fazemos um brinde com a plateia. E, em Recife, no Teatro Apolo, esta foto de Val Lima & Ana Lira revela com toda a clareza do mundo a beleza que é fazer teatro!!! Viva o Palco Giratório do Sesc!!! Viva o teatro! Viva Recife!!!
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CONVERSA NO FACEBOOK...


Sábado à noite, o Mauricio Rosa, lá dos Estados Unidos, chama para um papo que durou quase duas horas. Falamos de tudo e também, claro de teatro. E eu resolvi destacar um momento da conversa. Perguntas, respostas e reflexões mútuas. Às vezes a distância ajuda, às vezes a distância não é assim tão distante...

Você continua dirigindo?
-- Na verdade eu ando viajando muito.
A trabalho?
-- Sim.
Algo relacionado a vídeo ou ao teatro?
== Teatro. Sou um artesão, mas ando colocando vídeo no teatro pra não me sentir muito fora do meu tempo.
Os caras andam fazendo peças na Alemanha que é só vídeo. Achei ridículo!
-- Mas o novo é bom. Não assusta quem tem a coisa encrustrada no coração.
Assusta mas é sempre bom.
-- Só que as coisas têm que conversar. Não dá pra fazer de conta que não existem.
A vida é quase uma eterna adaptação, mas acho que a intenção é sempre a mesma.
-- Sim. Importante é a elaboração. Algum dia tudo vai se misturar de vez.  Mas o dia em que o teatro prescindir da carne e do sangue em cena, alguma coisa muito linda entre os homens vai desmoronar.
Essência.
-- Sim.
Você acredita em missões?
-- Explique.
Missões.
-- Acho que vim ao mundo para alguma coisa.
Seria o teatro?
-- Às vezes eu acho que vim ao mundo pra ser uma ponte. Não sei se você me entende.
Claro! É exatamente o que eu penso.
-- Às vezes a gente quer ser o destino.
Tocar as pessoas. Isso sim é importante.
-- Ai.
Ou você acha que nunca mudou a vida de alguém?
-- Imagino que sim, mas sinceramente? Não sei se tive a intenção.
No fundo, no fundo você sabe.
-- Rs.
Ou então não escolheria essa carreira louca.
-- Louca é apelido, é esquizofrênica!
Nem Freud explica. Mas que é bonita é.
-- Ninguém é mais livre que o artista.
Sabe o que eu acho mais legal da coisa do teatro?
-- Hm.
A oportunidade de viver várias vidas numa só.
-- E se você for ousado, quantas quiser.
Um dia você é o bandido, no outro você é o mocinho.
-- É o mais maluco. Por isso eu acho esquizofrênico. Você vive mesmo, não finge.
Tem ator que fica doente. Eu tenho esse problema com os livros. Não me conformo em simplesmente ler, tenho que viver aquilo.
-- Vai interferindo na psique.
É perigoso e às vezes, insalubre.
-- Eu só consigo fazer o que sinto. Ultimamente o meu teatro tem sido o reflexo da minha alma. Não do que eu desejo ou penso, mas o que eu sou.
Você acha que ainda é possível não ser lugar comum, ou seja, tudo que tinha pra ser falado, já foi dito?
-- Nos anos 70 o Peter Bogdanovich falou que todos os filmes já tinham sido feitos e que dali pra frente tudo seria uma mera repetição.
Eu acho que, talvez sim.
-- Mas nunca é demais continuar falando de amor, desejos, insatisfações, angústias, inquietações, etc.
E aí eu volto ao ponto da missão.
-- Sim. Talvez.
Você tá fazendo o que, agora?
-- Estamos viajando pelo Brasil inteiro com o espetáculo “O Evangelho Segundo São Mateus”, num projeto do Sesc chamado Palco Giratório. E por isso não estamos criando nada de novo. Ah! E estreamos em fevereiro a peça “Minha Vontade de Ser Bicho”, com textos da Clarice Lispector.
Adoro ela.
-- O espetáculo foi um sucesso. Uma comoção.
Adoro ela.
-- Uma jornalista escreveu: “A peça que emocionou Curitiba!”
Me fala do “Evangelho...”. É um tema religioso?
-- É lindo! Na peça os atores são padeiros e estão fazendo o pão, desde a preparação do fermento. E enquanto fazem o pão (de verdade!) conversam sobre o Evangelho de São Mateus (a palavra) e vão construindo associações com Fernando Pessoa, Nietzsche, Pasolini, Dostoiévski... durante o espetáculo servimos café e vinho para o público. Uma festa!
Responsa, hein?!
-- Por exemplo, sabe o que o Netzsche falou sobre o Sermão da Montanha? Disse: “O Sermão da Montanha pode até ser ingênuo, mas é de uma profundidade inigualável.”
Ele era ateu.
-- Esse é o barato da peça. Desvincular a palavra de todo sentido religioso ou dogmático.
Bacana.
-- Eu gosto de peitar desafios. Me sinto vivo.

... e depois a conversa prosseguiu, quando falamos de psicanálise e Reich e cozinha e filmes...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A RECEITA DO FERMENTO

Antes da apresentação de "O Evangelho Segundo São Mateus"em Recife, o Guilherme, ao melhor estilo Ana Maria Braga, ensina o Gustavo a preparar o fermento para o pão.

terça-feira, 17 de maio de 2011

O ARTISTA NÃO PODE SER UM MUSEU DO TEATRO.

A jornalista Tatiana Meira destacou esta frase de Edson Bueno para ilustrar a grande matéria que o Diário de Pernambuco publicou no domingo, dia 15 de maio. A matéria é super bem escrita e - claro! - um orgulho para o Grupo Delírio. Nela coisas do "Evangelho", da história do Delírio e uma entrevista com o Edson Bueno. Valeu!!! Para a história!
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CORDEIRO E "O EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS"

Olha aí o Cardápio da "Cena Gastrô", by César Santos - Nos restaurantes "Comedoria Sesc Casa Amarela", "Espaço Muda", "Resturante Escola Senac", "La Farinata" e "Oficina do Sabor", em Olinda, onde almoçamos (Janja, Regina, Edson e Gustavo), no domingo!
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RECIFE - VAMOS FAZER A COISA ACONTECER?

A Santa Ceia de Recife - Olha ali o Murilo, aos pés da mesa, na maior expressão!!!
Recife – 15 de maio
Teatro Apolo
Público aproximado: 200 pessoas
Amigos: Zé Manoel, Virginia, Luciana, Rita, Fernanda. Lucas, Murilo, Rafa, Naná e um mundo inteiro de gente boa da melhor qualidade!
Para o pessoal do Sesc de Recife a expressão “Vamos fazer a coisa acontecer?” é levada muito a sério. Mas claro, sempre e sempre e sempre com o mais largo sorriso e com os olhos mais brilhantes da simpatia, do bom humor e da cordialidade! Foi apenas a segunda vez que eu coloquei os pés na terra mais deliciosa do mundo (e alguns do Delírio pela primeira vez!) mas a sensação era a de que tínhamos nascido lá e que era a nossa casa, o nosso quintal, o nosso palco. Como fomos felizes! Em todos os sentidos: na amizade, no teatro, na culinária, no sexo e no amor. Foi tanto que até o Fernando, nosso iluminador, jogou a passagem de volta pela janela e ficou. “Vou para Olinda!” ele me disse no café da manhã, minutos antes de irmos para o aeroporto de volta. Disse isso convicto e de olhos marejados de quem tinha passado a madrugada acordado e beijando. Beijando quem? Não importa, mas vale dizer que beijando Recife; como aliás, todos nós. Vale repetir: minha mãe, quanta cordialidade! De cara, ainda em Porto Alegre fui entrevistado por telefone pela Tatiana do “Diário de Pernambuco” que de tão simpática me fez ficar falando horas o que provocou, no domingo, uma matéria de página inteira que era o próprio portal do “sejam bem vindos!” Tatiana não escreve apenas, desliza palavras com suavidade e inteligência. Me senti honrado e orgulhoso. E era só você respirar que alguém já perguntava: “Está precisando de alguma coisa?”. E íamos assim, nos sentindo necessários, amados, respeitados. E então, de sorriso em sorriso, Recife ia ficando mais linda. Antes do teatro, que aconteceria no domingo, aconteceu tanta emoção!!! Tanta, que eram restaurantes deliciosos como o “Fiteiro” e seus camarões e carnes e a sobremesa chamada “Cartola”, soma de banana, queijo coalho, canela e melado, que ninguém deve morrer antes de experimentar. O Murilo, que é de lá não teve dúvidas em afirmar que foi a melhor que ele experimentou. E o “Spetos”(num rodízio de lagosta de arreeeeeepiar!!!)? Eu, a Regina e a Janja colamos as bundas nas cadeiras e só saímos do restaurante quando não cabia mais nem um fiapo de lagosta no estômago. Nunca imaginamos que em nossos estômagos cabia tanto!!! Coisa de louco!!!  E a Oficina do Sabor, em Olinda, que ofereceu um prato com o nome do nosso espetáculo “O Evangelho Segundo São Mateus”? O cardápio? Na entrada “Salda De-Vir”(camarão, pepino, kiwi,  tomate e talos de salsão ao molho de maionese com iogurte e limão), o principal (pernil de cordeiro ao vinho tinto do Vale do São Francisco com sete grãos) e de sobremesa “Brigadeiro no Pirex” (brigadeiro de colher servido no pirex com várias coberturas). De se esbaldar. E teatro? Nem falei ainda. Porque antes foi muito abraço, muito beijo, muito sorriso. E o Tiago, o Guilherme, o Gustavo e o Fernando? Outros mundos, outras Recifes!!! Claro, tinha o Palco Giratório com uma Recife tomada pela aventura do Sesc numa organização poética, divertida, emocionada. Era teatro pra todo lado e tinha que chegar o nosso dia. O domingo em que a atração principal da cidade era a final do Campeonato Regional de Futebol com o Sport e o Santa Cruz  se degladiando para dizer de peito aberto quem era o melhor. Deu Santa Cruz e a cidade enlouqueceu. Achamos que o público ia ser mínimo. Que nada! Teatro cheio! E aqui uma impressão. Sempre, quando o espetáculo começa, eu faço uma rápida preleção para apresentar o elenco. Aproveito pra sentir a energia que emana do público. De verdade, em Recife, o coração era aberto e eu tinha a certeza de que tudo ia correr a mil maravilhas. Poderosa energia que vinha da plateia. E não deu outra. Teatro/festa! Uma alegria só e nossa poesia correu solta e o Gustavo, que fez seu terceiro espetáculo, arrasou! E nós todos também!!! A passagem pelo Recife é daquelas pra ficar na história, pra guardar “do lado esquerdo do peito”. Ô gente pra amar teatro! Ô gente pra amar gente! Ô gente pra ter prazer em ver os outros felizes!  Fica aqui a verdade: queridos amigos do Recife, jamais os esqueceremos. Contem com a gente sempre e sempre e sempre. A gente está aqui em Curitiba, mas hoje, terça-feira, nosso coração ainda bate aí. Como eu digo, tem lugares que fazem um artista se sentir a pessoa mais necessária do mundo. O Sesc de Recife é responsável por muito disto!!!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

DIONÍSIO E APOLO - PORTO ALEGRE

A Santa Ceia de Porto Alegre
Foto de tiete
Porto Alegre – 12 de maio
Teatro de Câmera Túlio Piva
Público aproximado: 200 pessoas
Amigos: Joyce
“O ator é aquele que consegue conservar na idade adulta o maior coeficiente de infância. É muito bonito, porque é tudo uma criancice.”- Ariane Mnouchkine.
 Fazer “O Evangelho Segundo São Mateus” no Festival do Palco Giratório em Porto Alegre foi uma experiência dionisíaca e ao mesmo tempo educativa. Nosso espetáculo tem um espírito aberto e todos, absolutamente todos, entramos em cena de coração escancarado, correndo todos os riscos como se estivéssemos andando na corda bamba com cinto de segurança, e nem percebessemos que ele não existe. Somos, hoje, um grupo onde o espírito adolescente, quase descontrolado como um potro selvagem e indomado é determinante. Poderíamos colocar, digamos assim, pingos nos “is” e determinar a forma e a linguagem com uma rigidez apolínea que nos daria grande conforto, mas eu tenho certeza de que estaríamos traindo a proposta; então que é preciso saber equilibrar o novo, com o irrequieto e com o comprometido e profundo. Não é fácil. Fazemos um espetáculo que para estar vivo precisa sempre ser uma experiência. Daí o risco e a falta de cintos de segurança. Em Porto Alegre tínhamos numa ponta da cena a ousadia quase irresponsável e na outra a ousadia curiosa e também ansiosa. Em determinados momentos o espetáculo se desequilibrou, mas como toda a experiência teve que encontrar dentro dela mesma o equilíbrio necessário para que a maionese não desandasse. O público foi incrível. Percebeu a linguagem, topou a parada e resolveu, numa boa, jogar conosco. Em determinados momentos quase que tudo pareceu o contrário. O público era o espetáculo e nós, atores, o público. Risco alto, desafio pleno. A energia geral chegou a 9 pontos na escala Richter e o que parecia a glória, embora fosse, pareceu terremoto. E um terremoto não é a glória da natureza, embora os estragos na criação do homem? Ao final, o debate e a certeza de que o recado tinha sido dado, que fizemos um espetáculo poderoso, a ponto de um funcionário do teatro chegar para mim e exclamar espontaneamente: “Parabéns, vocês arrasaram!”. No recolhimento da van comandada pela Joyce, depois no travesseiro do hotel e ainda hoje, no sono eterno da viagem de avião para Recife, a reflexão era profunda. O que aconteceu? O que deveria ter acontecido? Como deveria ter acontecido? É o adulto e sua experiência colocando as fichas em ordem, e, ao mesmo tempo a criança brincalhona, rindo de si mesma e sabendo que tem muito ainda a aprender. Aprender a cada dia é necessário e fundamental, reencontrar a sua melhor forma, saber que teatro é, como disse Nietzsche, “a harmonia entre Dionísio e Apolo”. Como disse a Janja ao final da apresentação de ontem em Porto Alegre: “Nosso espetáculo é lindo quando tudo acontece na hora certa e no momento exato”. Ela tem razão e sabia que nem tudo tinha sido assim. É preciso cuidar para que a vida delirante não se embriague e sufoque a arte. Mas é assim. Cada dia sendo vivido com suas perfeições e imperfeições. Isso é vida e isso é teatro. A passagem por Porto Alegre foi emocionante e enriquecedora. Tivemos um dos públicos mais geniais de todas as nossas apresentações e afinal, se é preciso escolher (nem sempre é preciso...) entre Apolo e Dionísio; que se opte por Dionísio. Pelo menos é o que eu acho. E vamos para Recife que o tempo não pára.

SEMPRE UMA ESTREIA - CUIABÁ!!!

A Santa Ceia de Cuiabá. Cheia de crianças!!!

Cuiabá – Mato Grosso – 10 de maio – 20h00
Público aproximado: 200 pessoas
Sesc Arsenal
Amigos: Clodoaldo, Flávia, Cristina e... Marquinhos, de surpresa!
Em Cuiabá, uma estreia! O Gustavo, depois de tanto estudar, empenhar-se e de tanto ouvir do Edson (por pura brincadeira!) “eu sinto que você está tenso”, fez a sua primeira apresentação em “O Evangelho Segundo São Mateus”. E mostrou que é do ramo, porque foi colocar público a sua frente e revelou-se seguro e brilhante. Fazer teatro é um carrossel de surpresas e não adianta tentar prever - em espetáculos como esse nosso, onde o espetáculo acontece em suspenso e o público é parte importante da própria cena – é preciso estar consciente de que algo de muito novo pode ocorrer, para qualquer lado. Em Cuiabá não foi diferente. O espetáculo foi emocionante! Daqueles para a história, porque o público embarcou na proposta já, de cara. E o elenco que tem o ouvido mais aberto de todo o Grupo Delírio, embarcou na proposta e deitou e rolou. Ao final, o debate (parte integrante do projeto Palco Giratório) reservou novidades. Uma audiência livre e desimpedida, muito à vontade, disse o que pensou e sentiu e ainda que bem que gostou e sentiu demais. Deu-nos a certeza de estar num caminho seguro e contemporâneo. A proposta de escancarar a cena, por mais perigosa que seja, quando dá certo, dá aos atores a sensação de epifania. E aconteceu ainda o Marcos, Coordenador Nacional do Palco Giratório, que deu um depoimento emocionante. Avalizou a contemporaneidade da proposta do Grupo Delírio e, 28 anos depois que eu, o Áldice, Silvia, Pazello, Maria Adélia e Simioni fundamos o Grupo e estreamos “Um Rato Em Família”, no Mini-Auditório do Teatro Guaíra, nossa ideia continua viva e firme, com alguns atores que nem tinham nascido quando o Delírio nasceu (como o Gustavo e o Guilherme). Uma jornalista de Recife, por telefone, me perguntou como isso é possível. A resposta veio pronta, surfando na saliva: “determinação e amor”! Mais simples do que parece. Cuiabá só nos deu alegria e o “rastro” do nosso trabalho, como perguntou o Marcos, é a certeza de que fazemos um teatro vivo e artístico. E foi tão bacana que encontrei até um velho amigo, o Anderson Nobre, que embarcou na nossa Santa Ceia e até contribuiu com um texto, afinal ele é ator e também ama o palco. Olha lá ele, abraçado ao Guilherme e sorriso aberto. Vamos em frente!!!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

CUIABÁ FOI TUDO!!!

Hoje não dá tempo, mas amanhã sai o relatório da maravilhosa apresentação de "O Evangelho Segundo São Mateus". no Sesc Arsenal, na fantástica noite de 10 de maio de 2011. Por enquanto, uma foto do Fernando (tirada lá da cabine de luz), que, inclusive, registra a estreia do Gustavo Saulle no espetáculo! Aliás, mandou muito bem!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

SOB O SOL DE CUIABÁ

Speechless, o cachorro do diretor, que ficou em Curitiba!
Diário. O que fazem os viajantes do Delírio numa segunda-feira, começo de nova aventura com “O Evangelho Segundo São Mateus”, no Palco Giratório do Sesc? Chegamos em Cuiabá perto das 13h30, ou melhor 12h30 porque o fuso horário na capital do Mato Grosso é uma hora antes da curitibana. “Opa! Ganhamos uma hora!” berrou o Guilherme. Um calor! Tipo assim uns 34 graus. Pra torrar o cérebro de qualquer fugido do frio, como somos nós. O Gustavo passando e repassando seu texto, minuto a minuto. Será? Implorando para que haja ensaio completo na terça-feira e que ninguém resolva fazer turismo na Chapada. “Sabem como é, estrear seguro!” “Ah! Vai vendo o vídeo até cansar!” sugere a Regina. Claro, brincando. E os olhos duvidosos e crentes do Gustavo refletem o medo de estar atrapalhando ao invés de ajudando. Ossos do ofício. O hotel é massa, como diriam todos! Paiaguás Palace Hotel. “Com piscina!” pula o Guilherme. A Janja não fala muita coisa porque como todos sabem, está grávida e tem que ser respeitada. A passagem de mulher para mãe é um ritual que tem que ser vivido em cada um dos seus sagrados e mágicos segundos. Recebo uma mensagem pelo celular dos queridos Camila e Dante, de Chapecó: “Edson, estou com o programa do Festival de Curitiba. E bateu uma saudade de vocês. Beijos meus e do Dantinho pra todo mundo!” Fazer amigos por onde a gente passa é uma das coisas mais deliciosas do mundo. Respondo com amor e tanta quanta saudade. E chega a tarde e tudo é, de repente, um silêncio e todo mundo (será?) dorme porque bateu o cansaço. Mas pouco mais de um quilômetro do hotel tem um shopping e dentro de um shopping, cinemas. Então é pra lá que todos os piás (menos o Gustavo que ficou no hotel estudando o vídeo) vão. Comer Bobs, MacDonalds e assistir THOR em 3D! Eu, pela terceira vez! O Tiago fez a barba. Por quê? Bem, ele ficou preocupado com a quantidade de bilhetinhos anônimos que o Gustavo recebeu em Sertãozinho, no últiimo sábado, e resolveu que também quer parecer piá e lindo. Coisas da auto-estima. Há que se reconhecer que de cara limpa o Tiago fica um menininho fofo, mas quem conhece...!!! Assistindo THOR o Guilherme riu, pulou, gritou, exclamou, chorou, cutucou e esperneou. O filme é bom mesmo e eu, metido a sério, saí dizendo: “Prestem atenção no ator que faz o bandido, Locki (Tom Hidleston) porque aquilo é uma interpretação de alto nível!” Até em filme pipoca eu torço para que meus atores fiquem cada dia melhores. E eles ficam. Chegando no hotel o Tiago foi exercitar seu prazer mais solitário: o facebook; e eu idem. Rs. O Aldice, de Curitiba, posta uma foto do meu xodó, meu cachorricho, o Speechless! Embaixo das cobertas, no sofá da sala, com seus brinquedinhos, amoroso, doce e lindo. Está me esperando, tenho certeza.  Amanhã é dia de fazer teatro. O Gustavo estreia (ele não sabe, mas vai arrasar!) e vamos distribuir nossa poesia para quem for nos assistir aqui em Cuiabá, no Sesc Arsenal. Será maravilhoso, tenho certeza!

terça-feira, 3 de maio de 2011

NOVO PASSAGEIRO : GUSTAVO SAULLE

A terceira viagem do Palco Giratório/Sesc (Cuiabá/Porto Alegre/Recife) apresenta um novo integrante da troupe Delírio: o Gustavo Saulle. Entra de cabeça não apenas em nosso “O Evangelho Segundo São Mateus” mas também em nossos outros espetáculos do repertório (Kafka – Escrever é Um Sono Mais Profundo do que a Morte & Minha Vontade de Ser Bicho). O Gustavo já andou passeando pelo Delírio, numa necessidade de substituição em “Capitu – Memória Editada”, no Festival de Curitiba, há três anos. Foi a epopéia de um espetáculo apenas onde ele fez o Bentinho novo e onde a Lei de Murphy fez questão de apresentar suas armas. Quem diria que, como disse Machado de Assis - “O destino como bom dramaturgo não antecipa as peripécias e os desfechos. Eles chegam a seu tempo...” - aquele momento seria, com certeza, o responsável por esse agora, onde a relação com todos nós será mais profunda, intensa e longa. Pedi a ele uma foto para ilustrar este post, ele mandou esta aí de cima. Creiam, é ele! Mas se na foto ele pode parecer modelo internacional ou um James Dean sonhado, ao vivo e em cores é espontâneo, sensível, divertido e curioso. Ah... e talentoso! Vamos então, Gustavo, encarar a maravilhosa aventura do Palco Giratório, fazer teatro para o Brasil e conhecer as delícias de ser respeitado como artista e viver o nosso ofício/arte com beleza e festa!
Gustavo fazendo "Capitu", em 2008!

domingo, 1 de maio de 2011

COM QUANTOS "JESUS" SE FAZ UM ESPETÁCULO?

Marcelo, o primeiro!
Diego Mejia, o segundo
Guilherme, o terceiro.

A concepção de “O Evangelho Segundo São Mateus” deveu muito à energia do Marcelo Rodrigues. Quem? O nosso primeiro “Jesus”. Acredito muito em energias. Naturalmente, à medida em que os ensaios caminham, escolho a energia de um ou dois atores para que ela (ou elas!) conduzam a ação. Como isso funciona? Ainda tenho dificuldades em transformar essa experiência em técnica, mas intuitivamente vou me permitindo influenciar pelo espírito deste ou daquele ator. Então esse espírito toma conta da dramaturgia e finalmente do ritmo, e eu acho que assim se estabelece a “alma” do espetáculo. O Marcelo é um ator muito especial. Além de todas as suas qualidades como profissional, tem um poder de improvisação enorme e uma simpatia natural, fruto, eu penso, de um coração infinito. Ele é sempre sincero, sempre disponível, sempre fraterno, sempre muito, muito humano em todas as suas ações. O Marcelo tem aquela inocência artística fundamental para a originalidade da obra de arte. A sua criação é sempre espontânea e nova, livre de vícios e falsos artifícios. Então depositei em seus olhos a responsabilidade de dizer coisas que eu considero importantes, pela simples razão de assim serem, longe e livres de dogmas ou pregações demagógicas. Seria sempre preciso que a plateia acreditasse que o que estávamos dizendo era puro, sincero e necessário e mais, que não éramos preconceituosos ou escravos de leis e tratados. A palavra na boca dos atores sempre seria livre e por isso, honesta. Não era uma tarefa fácil. Deixei que a palavra na boca do Marcelo – com o que ele tem de sincero,  maroto e humanamente falível – influenciasse o espetáculo. Sempre tive muito orgulho em vê-lo brincar com tudo e com todos. E sempre foi muito lindo! Mas um dia ele teve que sair para outras experiências com seu grupo “Antropofocus” e precisamos substituí-lo. Como? Por quem? As falhas humanas e as imperfeições sempre me fascinaram. Como no texto da Clarice Lispector que a Janja diz no meio do espetáculo:Gosto de uma maneira muito carinhosa do que é inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno vôo e cai sem graça no chão. É a minha descoberta de todos os dias. Cada coisa é o que é, e é difícil explicar a alguém quanto isto me alegra. E quanto isto me basta. Basta existir para ser completo. Então que eu tive que encarar a substituição. E entrou para uma única temporada no Teatro José Maria Santos, o Diego Mejia Neves, um ator/bailarino que eu conheci fazendo Romeu, na encenação do Balé “Romeu & Julieta”, do Teatro Guaíra, que tinha o Luis Bongiovanni como coreógrafo. Diego é compriiiiido! Sei lá, uns 1,90m, talvez menos. Por essa razão que a própria razão desconhece, conseguia ver em seus olhos e voz a sinceridade necessária para fazer não apenas o nosso Jesus brechtiano, como o menino que encontro o “Jesus fugido do céu”, do Fernando Pessoa. O Diego Mejia deu conta do recado e como era por profissão bailarino, também seguiu sua vida indo embora pra São Paulo. E mais uma vez a marcha da vida nos deixou precisando encontrar um outro “Jesus”, já que por força do destino, nosso espetáculo insistia em ter vida longa. E apareceu, vindo diretamente da “Malhação” da TV Globo, um mosquito: o Guilherme Fernandes! Ah! O Guilherme! Esse, se não tinha, a doçura explícita do Marcelo e do Diego, tinha a molequice, a espontaneidade, a espivitez que eu sabia, ia dar uma nova cor ao espetáculo. E com o tempo, e o apoio do elenco, com certeza iria encontrando na cena, a doçura fundamental para que tudo acontecesse. O Guilherme deu um novo ritmo à cena, nem melhor, nem pior, apenas um outro. E nós, atores, nos permitimos jogar com o seu jogo. Certa vez, em Barbosa Ferraz, no interior do Paraná, fizemos “O Evangelho...”para uma plateia de cortadores de cana, simples pessoas que nunca tinham ido ao teatro. O espetáculo, em bruto, sem iluminação, aconteceu como mágica. E ao final, plateia encantada, eu olho para o Guilherme que chora emocionado, tendo descoberto uma das mil e uma felicidades que o teatro pode proporcionar ao ator. São três “Jesus”que já viveram nossa peça, mas todos encantados e isso é uma felicidade!