sábado, 3 de dezembro de 2011

Três meses depois!

Foi, sim, uma longa viagem. Que começou em Guaramiranga, na região serrana do Ceará e terminou em Poconé, cento e poucos quilômetros de Cuiabá. Minas Gerais, Ceará, Rondônia, Espírito Santo, Piauí, Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Amapá, Tocantins, Mato Grosso... Uma aventura de teatro que bem poderia virar um roteiro de cinema, bastando que se acrescentasse aqui e ali alguns elementos de pura ficção e, quem sabe dourando a pílula de outros acontecimentos inusitados. Eu imagino que seria um filme sobre a arte e seus significados, alguns mais importantes, outros menos, conforme o artista e conforme o público. Porque posso garantir, de experiência vivida, que, literalmente do Oiapoque ao Chuí, nossos brasileiros vêem a mesma coisa de formas muito diferentes. E isso é rico e é impactante. E pude vivenciar em sangue e carne, essa vivência, tanto como autor, quanto diretor e quanto (mais que tudo!) ator. Num espetáculo tão aberto quanto “O Evangelho Segundo São Mateus”, houve momentos em que nunca tinha a noção clara do quanto teatro é mensagem, história, catarse, diálogo, forma ou conteúdo. O que dizemos? Para quem? Qual a prontidão de nossos ouvidos? Até que ponto o olhar do artista está conectado ou desgarrado do olhar do público? Quando ainda não era ator desse espetáculo e o assistia emocionado, sempre tive a perfeita noção de que se nunca mais fizesse teatro, teria (dramaticamente) cumprido minha parte. Porque tudo o quanto acredito em termos humanos, é nesse suave e simples espetáculo que coloquei. Depois de 54 espetáculos pelo Palco Giratório do Sesc, sei que esse exercício “demasiadamente humano” é um vórtice de contradições e paradoxos. Porque nem sempre “ama a teu próximo como a ti mesmo” é mais importante que tudo. Mesmo que num esforço de direção (minha) e interpretação (dos atores) todos os cuidados tenham sido tomados para que a palavra abocanhasse o público. Foram três meses onde a fugacidade deu as cartas. Onde o momento presente nunca precisou ser tão acarinhado (como pediu Caio Fernando Abreu), porque mais que sempre, o presente transformava-se em passado num rotineiro check-out de hotel. E quantos foram, meu Deus! Quantos aeroportos, quantas estradas, quantas cidades, quantas pessoas, quantos beijos, quantos abraços, quantos climas e paisagens... e culinárias! Quantos alvoreceres e quantos pores do Sol! Parecidos sim, mas diferentes em emoção conforme a chegada ou a partida. Três meses depois alguns laços de confiança se estreitaram, algumas paixões artísticas viraram obsessão, algumas saudades do que poderia ter sido vivido com maior intensidade, não fosse tão rápida a passagem. Três meses depois algumas certezas viraram incertezas e outras se transformaram em simples poeira no tempo. Três meses depois de dezenas de quartos de hotéis, a certeza de que um “quase tudo”, de verdade, aconteceu! Desde a mais frágil futilidade, passando pela mais engraçada vulgaridade, até a mais complexa sutileza e a mais profunda experiência de vida! Três meses... um hiato! Três meses e um caminhar cuidadoso e às vezes irresponsável pela corda bamba do sonho e da utopia. Pra terminar este post sem muito sentido, uma citação de Fernando Pessoa, que nos acompanhou como eterno amigo e companheiro nesses três meses:
“Quando vier a próxima estação,
Se eu já estiver morto - por exemplo -
As flores florirão da mesma maneira,
E as árvores não serão menos verdes que na primavera passada,
A realidade não precisa de mim.
E eu sinto uma alegria imensa,
Em pensar que a minha morte
Não tem importância nenhuma!”
E também, como diria aquele que ninguém pode garantir direito se é realidade, mito, ficção, pura invencionice, crença ou necessidade:
“Ama a teu próximo como a ti mesmo!”
Três meses depois, a vida continua... e o nosso amor pelo teatro!
PS: A foto é do amigo e jornalista Edson, do site Cidade Rosa, de Poconé... nossa última apresentação no Palco Giratório/Sesc.

A última estação!

Poconé –  Mato Grosso – 29 de novembro
Público: mais ou menos 100 pessoas.
Amigos: Marcus, Josenira, Paulo.
O fim da estrada, da longa aventura que foi o Palco Giratório para o Grupo Delírio e para o nosso espetáculo “O Evangelho Segundo São Mateus”, foi próximo dos 40 graus de Poconé, mais ou menos 120 quilômetros de Cuiabá. Uma pequena cidade de pouco mais de 45 mil habitantes, onde reza a lenda, houve épocas em que as pessoas, depois da chuva, varriam a frente das casas e recolhiam ouro, porque surgia assim, da terra. À volta é possível ver os montes de mineração ainda ativos. Poconé abriga uma equipe do Sesc, capitaneada pelo grande Marcus Vinícius, pela poderosa Josenira e por um pessoal de sorriso largo, aberto, envolvente, que nos recebeu com cuidado incondicional. Não sei se sabiam que seria a nossa última parada, mas nos deram recepção de tal. Muitas e emocionantes lembranças, até os delirantes que viram centenas de jacarés num passeio ao Pantanal e o Gustavo e o Tiago que experimentaram a carne do bicho, no Restaurante Tradição. Ou ao final da apresentação, o Sr. Oliste, nosso simpaticíssimo motorita, que aparece na foto, vindo abraçar-me dizendo ter ficado extremamente emocionado com o espetáculo. Valeu, amigos queridos de Poconé, vocês nos deram grande felicidade e espero, sinceramente, que tenhamos retribuído com um espetáculo tão caro a todos nós. E depois, no dia 30, depois de 54 apresentações no Palco Giratório, embarcar num avião da Avianca e, mil e uma saudades no coração, voltar para a terrinha. Recomeçar um tempo, pensar outros espetáculos, estabelecer o reencontro com a realidade das nossas coisas, deixadas para trás a mais de dois meses. A vida e a arte continuam...

sábado, 26 de novembro de 2011

PALMAS - Uma das melhores apresentações...!

Palmas - Tocantins
Sesc – 26 de novembro
Público aproximado: 170 pessoas
Amigos: Alessandra, Lucio e Cleiton
Palmas é uma cidade de apenas 23 anos e muita emoção, muita paixão, muita entrega para o teatro. Banhada pela represa do Rio Tocantins é uma cidade/paisagem. Muito verde, avenidas largas e um espírito projetado para o futuro. Uma pequena Brasília, se poderia assim dizer. Fomos contemplados com uma matéria de página inteira no Jornal de Tocantins, uma entrevista ao vivo na Tv Globo local e uma receptividade de alto profissionalismo e esperança na importância do teatro na vida das pessoas. Fizemos uma das apresentações mais entusiasmadas com um público vibrante, inteligente e participativo. O debate então durou mais de uma hora e meia e poderia ir adiante porque quando tem artistas na plateia, a coisa vai longe. Foi bom, muito bom! Nossa penúltima aventura no Palco Giratório foi de encher o espírito de felicidade. E agora é pegar o avião e viver a última história de um Palco Giratório pra ficar marcado para sempre em nosso coração: lá vamos para Poconé, no Mato Grosso!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

... Na Cidade Maravilhosa!!!

Rio de Janeiro/Jacarepaguá – 24 de novembro
Público: mais ou menos 150 pessoas.
Amigos: Leonardo e a equipe competentíssima do Teatro Escola SESC

terça-feira, 22 de novembro de 2011

CAMAQUÃ – Ineditismos!



Camaquã – Rio Grande do Sul
Teatro Cinema Coliseu – 22 de novembro
Público aproximado: 30 pessoas
Amigos:  Rafael do Sesi e Georgia do Teatro
Camaquã é uma cidade simpaticíssima, perto de Porto Alegre, mas com espírito de suavidade. O Teatro Cinema Coliseu é uma obra quase centenária, restauradíssima e linda na fachada e mais ainda no seu interior, com palco, plateia e galerias que impressionam. O nosso espetáculo foi muito mais que íntimo, primeiro porque o público não era numeroso e segundo porque enquanto esperávamos para o começo, fomos fazendo amizade com o público, simpaticíssimo; inclusive uma família que mora numa casa ao lado do teatro, tão centenária quanto e de arquitetura poderosa. Uma família boa de conversa e muito acolhedora. Era como se tivéssemos amigos entre o público. Claro, nem tudo são rosas e em Camaquã tivemos, entre as mais de 150 apresentações de nosso “Evangelho...” a surpresa de ver quatro pessoas, ofendidíssimas, saírem pisando firme quando o Guilherme chega no poema de Fernando Pessoa em que ele fala o que agora seria uma heresia...
Guilherme – Diz-me muito mal de Deus.
Edson – Não acredito!!!
Gustavo – Verdade?
Regina – Não pode ser.
Cecé – Conta aí.
Guilherme – Diz que ele é um velho estúpido e doente...
Claro, a saída obrigou-nos a algumas improvisações. Enfim...
Mas tem o outro lado. Tivemos na plateia o Papai Noel Gaúcho, Alex Noel dos Santos, e mais um cômico de stand-up e outros que ficaram, se divertiram e emocionaram-se conosco. Fechamos a temporada no Rio Grande do Sul e fomos muito felizes. Agora, quase no fim do Palco Giratório, vamos para o Rio de Janeiro. Vai ser bom!

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Pois então, no dia 17 de novembro, nasceu o Theo!


Exatamente às 21h05m, quando o Grupo Delírio entrava em cena em Alegrete, no Rio Grande do Sul, para mais uma apresentação do nosso “Evangelho...” no Palco Giratório, vinha ao mundo, para o que der e vier, o Theo, filhote da Janja. Ontem, falando com o Maurício, irmão dela, comentamos que o piá já nasce com história pra contar. E a Janja? Espere aí, menina, que já estamos chegando pra beijar seu pimpolho! Beijo, Janja! Beijo, Theo! E claro, tiramos o Mapa Astral do guri, pra pensar o presente e o futuro!

. Ascendente em Gêmeos
. Sol em Escorpião
. Lua em Leão
. Mercúrio em Sagitário
. Vênus em Sagitário
. Marte em Virgem
. Júpiter em Touro
. Saturno em Libra
. Urano em Áries
. Netuno em Aquário
. Plutão em Capricórnio

Uhúúúúúúú’!!!!

domingo, 20 de novembro de 2011

Há mais mistérios entre o céu e a terra... (Parte II)

05. Uruguaiana – Rio Grande do Sul –
Oras, se você está em uma cidade que faz fronteira com Uruguai, Argentina ou Paraguai, não consegue resistir ao impulso de atravessá-la para umas comprinhas, mesmo que seja com a Argentina e gaste uns trocados com alfajores e doce de leite, que conta a lenda, o da Argentina é especialíssimo. Pois, Regina, Tiago, Cecé e Gustavo, pegaram um ônibus e atravessaram até Paso de Los Libres, pequena cidade de não mais que 45 mil habitantes. Faceiros e hermosos passaram o dia entrando e saindo de lojinhas e lá pelas 3 da tarde pegaram um taxi para voltar a Uruguaiana, porque à noite tinham apresentação do “Evangelho...”. E ao passar pela aduaneira argentina, foram parados! Isto mesmo. O educadíssimo policial argentino pediu a documentação de entrada no país e nossos atores mostraram inocentes suas carteiras de identidade. “Pero, como? Ingresaron a nuestro país sin permiso?” E eles: “Precisava?” Porque, oras, não existe um tal de um acordo entre os dois países de que para entrar basta a identidade e que 10 quilômetros para dentro da cada fronteira não é necessária a tal carta de autorização? Ninguém sabe dizer se sim ou não, mas o educadíssimo policial resolveu que nossos amigos só sairiam da Argentina depois de pagar uma tal multa em pesos que não seria fácil. E com as horas passando, houve intensa negociação, sem que os irredutíveis policiais argentinos abrissem mão do dinheirinho e nem da liberação. Até que uma moça, talvez uma autoridade da emigração dos hermanos, resolveu que como ela tinha um irmão que também fazia teatro, iria quebrar a dos delirantes e liberou-os, entregando-lhes uma tal carta e fichando-os nos computadores argentinos, ou seja, para entrarem no país de Maradona terão que pagar a tal multa, de 100 pesos! Nervosos, mas aliviados e meio sem jeito, atravessaram a fronteira e puderam fazer o espetáculo à noite, ainda na dúvida se o que aconteceu foi uma ação legal ou um truque.

Santa Maria/RS - 19 de novembro de 2011 - Praça Saldanha Marinho

Porque o Grupo Delírio também é Natal!!!

sábado, 19 de novembro de 2011

Santa Maria foi uma noite de natal!


SANTA MARIA/RIO GRANDE DO SUL
19 de novembro – 19h
Público aproximado: 100 pessoas
Theatro Treze de Maios
Amigos: Tatiane, Vanessa, Sr. Pedro, do Sesc... e todo o pessoal do Theatro Treze de Maio!
Santa Maria é sem brincadeira, uma beleza! Iluminada para o Natal nos recebeu de braços abertos. Os mesmos da Vanessa e da Tatiane do Sesc (mais o Sr. Pedro) e da Ruth (Diretora Geral), mais todos os técnicos do Theatro Treze de Maio que nos fizeram sentir em casa e nos deram todas as condições para um espetáculo equilibrado, sensível e sincero. O Theatro Treze de Maio é um caso a parte. Construído entre 1889 e 1890, foi desativado em 1916 (isso mesmo!), para ser restaurado a partir de 1992 e mantido pela Associação dos Amigos, que cuida dele com tanto carinho que é uma jóia na Praça Saldanha Marinho. Foi emocionante pisar em suas tábuas e dizer nosso texto para seu público. Uma plateia cuidadosa que dividiu conosco uma das mais deliciosas apresentações do nosso “Evangelho...” neste Palco Giratório de 2011. No começo do espetáculo o Edson fez questão de ler o cartão que o Theatro nos mandou com as boas vindas!
“Aos intérpretes do Grupo Delírio! Sejam bem-vindos à Santa Maria e ao Theatro Treze de Maio. Estamos muito felizes em recebê-los com este espetáculo que certamente será excelente. Temos certeza que o público e todos nós da equipe ficaremos muito gratos com a vinda de vocês! Recebam nosso grande abraço e voltem sempre! Merda! Ruth e equipe do TTM. Obrigado a todos e ficam os agradecimentos eternos do Grupo Delírio!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Há mais mistérios entre o céu e a terra... (Parte I)

Fernando no hospital, depois do choque!

Nossa aventura pelo Palco Giratório/Sesc tem sido emocionante. Nem tudo é teatro, claro! Um ano inteiro viajando por todo o Brasil, convivendo diariamente... Um grupo de 07 (sete) malucos que, entre outras coisas, luta contra as calorias (com exceção do Guilherme), estabelece códigos de boas maneiras, elegâncias e sinceridades, ri das próprias patetices e faz teatro muito sério. Sabemos que nos conhecemos demais e nossos segredos só são nossos mesmos, porque os companheiros sabem de tudo, mesmo que finjam não saber. O café da manhã no hotel é sempre revelador da noite anterior. Mas é divertido perceber o quanto nos divertimos com nossas próprias fraquezas e o quanto valorizamos nossas potencialidades, além do que é muito legal ver a torcida de todos, quando cada um de nós vence uma barreira qualquer, porque muitas vezes nossas fraquezas e nossas potencialidades se confundem. No fundo queremos mesmo é que todo mundo se dê bem, divirta-se, cresça e evolua, porque a vida segue. Mas, porém, todavia, contudo, não custa enumerar aqui alguns deslizes. Acontecimentos especiais, fora do contexto, e que surgem assim, do nada e de coisa nenhuma, em uma esquina qualquer da vida e que alguém presencia, entre chocado e maravilhado! Por exemplo, deparar-se com um colega beijando na boca alguém do mesmo sexo. Claro, só é surpresa quando é inesperado, mas ninguém dá a menor importância, muito pelo contrário. Então, vamos lá...
01. João Pessoa – No mais profundo da madrugada o Gustavo descobre ter perdido seu caderno de músicas para violão, colecionado com amor por anos. Senta-se solitário num bar à beira mar e chora, chora, chora.... derrama-se em lágrimas, despedindo-se do companheiro de tantas afinações. Chora para depois descobrir que não estava perdido, mas sobre a mesa do quarto do Tiago, no hotel. Fato é que valeram as lágrimas de desabafo. Inconsolável! Os lindos também choram...
02. João Pessoa – Na volta de um passeio pelas belezas da cidade, a Cecé resolve caminhar, no início da noite, pela orla. Um sujeito surge, assim, de repente, e resolve que ela é apenas um objeto sexual perdido no meio da brisa marítima. E, sem brincadeira, ataca! Entre gritos e pontapés, ela consegue escapar auxiliada por uma senhora, dona de um quiosque da praia. Chega assustada, arranhada e atrapalhada ao hotel. É, nem tudo são rosas!
03. Campina Grande da Paraíba – Tiago, Fernando e algumas garotas, passeiam pela tranqüila cidade, numa certa hora da noite. Bem tarde.... Um sujeito salta, assim do nada, e avança sobre todos com uma peixeira, que segundo o Tiago era muuuuito comprida. E dá sinal de assalto. Resultado: lá se foram os celulares. Ainda segundo o Tiago, o assaltante terminou o ato dizendo que “confiava” de que assaltados não iriam denunciá-lo. E desejou boa noite!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A Ceia em Alegrete!

A CEIA EM ALEGRETE! –
Alegrete – Rio Grande do Sul
Centro Cultural – 18 de novembro
Público aproximado: 140 pessoas
Amigos:  Paulo, Ivaneli

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A Ceia de Uruguaiana!

Uruguaiana/Rio Grande do Sul – 16 de novembro
Club Commercial
Público: mais ou menos 220 pessoas.
Amigos: Vilson e Marcia

Flashes do Palco Giratório - Em algum lugar no meio do Brasil

Gustavo na van, pós balada!

Flashes do Palco Giratório - Maceió

Regina, o vento e a paisagem de coqueiros da Praia do Gunga.

Flashes do Palco Giratório - Macapá

Guilherme vendo um boto cor de rosa, enquanto o Tiago não está nem aí...

Flashes do Palco Giratório - Macapá

Guilherme   tentando conexão espiritual com o Rio Amazonas.




   




  

TCHÊ!!!


São Leopoldo – 12 de novembro
Sesc/Museu do Trem
Público: mais ou menos 50 pessoas.
Amigos: Mauro e
A viagem para Porto Alegre foi das mais cansativas. Saímos do aeroporto em Macapá 01h30 da madrugada e fizemos escala em Belém e Brasília, para uma conexão em São Paulo (Congonhas) e chegar na capital do Rio Grande do Sul perto das 13 horas. O Grupo Delírio estava aos cacos, porque a última noite em cada cidade é, geralmente insone, porque é, digamos assim, o fechamento da balada, a comemoração dionisíaca de uma apresentação sempre especial. Ficamos uma noite em Porto Alegre (e uma escapada ao Shopping Bourbon para assistir “A Pele Que Habito”, do Almodóvar (genial!) e no dia seguinte partimos para São Leopoldo, onde o Sesc construiu uma tenda no Museu do Trem, para o evento Aldeia, repleto de música e teatro! Um público pacato, suave, profundamente observador e algumas pessoas assistindo ao espetáculo com a cuia de chimarrão e a garrafa térmica... um charme! E a plateia observadora e cuidadosa nos presenteou com um espetáculo que foi a maior gostosura: íntimo, profundo e doce.

Santa Rosa – 14 de novembro
Teatro Sesc Santa Rosa
Público: 150 pessoas
Amigo: Paulo Joner (Keko)
E de van (pilotada pelo Sr. Carlos), viajamos mais de 7 horas para Santa Rosa, no dia 13. Cansaços e aventuras. A paisagem do Rio Grande do Sul é bela, bela e intensa. O Gustavo fotografa tudo, o Gui lê sua saga “As Crônicas de Fogo e Gelo – Livro 2: A Fúria dos Reis”, o Tiago compra o que pode entre bombachas, boleadeiras e instrumentos musicais, e eu consumindo a minissérie “Teh Borgias – The original crime family”, com um Jeremy Irons em estado de graça. Mas em Santa Rosa aconteceu de tudo. Dividimos os corredores do Hotel Sênior com o Lenine e a sua banda que se apresentava no Musicanto da cidade e no dia da apresentação o Fernando, querido, colocou o dedo num fio descascado e levou um choque poderosíssimo. Encontramo-nos no Pronto Socorre e ele, no soro, queimado, tonto e com os dentes presos me disse: “Eu quase morri”. Não, Fernando, graças a Deus você continua inteiro, um pouco eletrificado e machucado, mas firme e divertido. Quase morri do coração, mas ele ficou bem para o espetáculo da noite, com o teatro cheio e muito Fernando Pessoa! Depois encaramos um show sensacional do grande Lenine, Dionísio que engole o palco e enquanto os piás caíram de novo na balada, voltamos para o hotel, sabendo que no dia seguinte viajaríamos para os pampas... cinco horas até Uruguaiana. Como será?

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Oficina em Macapá



O grupo de atores da Oficina que Edson, Tiago e Regina aplicaram no Teatro Porão do Sesc/Macapá era simplesmente incrível. Gente louca de poesia atirando-se de cabeça nos exercícios e nas propostas. Ficou um desejo profundo de voltar e montar um espetáculo com eles... quem sabe um dia...
BENJAMIN LUDOQUE- JONES BARSOU- ELDER DE PAULA- MAURICIO MACIEL - GÉSSICA PALMERIM - MARINA BECKMAN - JUBSON BLADA - KÁSSIA MODESTO.
O queridão Tom ficou de mandar as fotos do grupo e como ainda não mandou, valem as fotos que o Edson tirou, assim, sem mais nem menos, durante o primeiro período.

Macapá - Mil e um sorrisos!!!


Macapá - Amapá
Teatro das Bacabeiras – 10 de novembro
Público aproximado: 140 pessoas
Amigos:  Genaro, Tom e Junior.
Já, quando desembarcamos no Aeroporto de Macapá, fomos recebidos pelo sorriso escancarado do Tom. Foi um sorriso que ao mesmo tempo era abraço, chamego, tapete vermelho, boas vindas, sintam-se em casa, estou com vocês, vamos lá, aqui vocês serão muito queridos! E assim foi. Depois, reencontrando o Genaro, que conhecemos em 2007 no outro Palco Giratório, não foi diferente. Conversamos como se fôssemos amigos de muitos, muitos anos e o papo fluiu, acrescido dos sorriso e das boas vindas de todos os funcionários do Sesc que estavam por perto. Como fomos bem tratados! Como nos acariciaram! E assim, às margens da maravilha que é o Rio Amazonas, reencontramos Macapá e sua hospitalidade. A cidade que respira Assaí, cultura indígena (da qual todos têm o maior orgulho!) e que ama festa e arte. Sabíamos que a apresentação de “O Evangelho Segundo São Mateus” seria linda, mas não imaginávamos que seria tão calorosa, animada, inteligente e viva! Foi daquelas noites em que se tem paixão por teatro e que valem todos os percalços da carreira. No restaurante Aconchego, todas as noites e dias, comemos o melhor peixe (Filhote) da terra. Maravilhoso! E... como tudo na vida é assim, na madrugada de 11 de novembro, pegamos o avião para uma longa travessia (literalmente do Oiapoque ao Chuí) para desembarcar em Porto Alegre, às 12 horas. De Macapá ficam as lembranças mais “delícia” e a mensagem do querido Tom, mandada depois pelo facebook e que eu reproduzo aqui. Obrigado amigos! Até um outro dia!

“Saudades!!! Foi muito triste ter que ver aquele avião idiota levar vocês de minha vista!!! Pior que depois foi ficando pequeno, pequeno... e por fim uma pequena luz... sumindo com vocês!! Ai destino ingrato... rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsr saudades de toos vcs, de verdade, vocês são uma família linda !!!!!!!!!! bjs bjs bjs”

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

E em Arapiraca também teve oficina com um pessoal pra lá de entusiasmado!

Paulo César, Valdênio, Izable, Rejane, Valdenice, Tiago, José Wilson, José Araujo, Adriana, José Nogueira, Paul, Ricardo, Luciclécio, Viviane, Paulo Alexandre, Vitória, Raniclécio, Helena, Camarão.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Em Maceió, a galera da Oficina de Preparação do Ator foi massa!!!

Ticiani, Ana Paula, Lucas, Elaine, Virginia, Eric, Surya, Karina, Milena, Taciano, Thais, Wallisson e Walfredo



Ai que saudade do céu, do sal, do sol de Maceió!


Maceió/Alagoas – 04 de novembro
Teatro Jofre Soares/Sesc
Público: 120 pessoas.
Arapiraca/Alagoas – 06 de novembro
Público: aproximadamente 50 pessoas.
Amigos: Thiago, Fabrício e Seu João Batista
Maceió foi cheia de magias. A começar pelo teatro, pequeno, mas aconchegante, dentro do Sesc, que leva o nome de um mito: Jofre Soares. Alguém, como eu, que ama o cinema e acompanha a trajetória da aventura brasileira pela sétima arte, tem Jofre Soares como um ícone, e colocar os pés, dizer teatro, num palco que leva seu nome é, antes de qualquer coisa, uma honra. Mas ainda, que nos perdoem as cidades lindas por onde temos passado, Maceió destila o litoral mais lindo dos nossos olhos! E como ficamos na terra tempo suficiente para dar oficina, pensamento giratório e apresentação; sobrou ainda para conhecer o que Deus criou com inspiração e beleza: as praias do Gunga e do Francês, com uma exuberância de coqueiros, que só quem passeia por suas areias, molha-se no seu mar e fica hipnotizado pelos arrecifes, pode entender o sim, o não e o talvez do prazer! E em Maceió encontramos o Grupo Ganymedes com quem  passamos uma noite conversando sérios e descontraídos sobre uma coisa tão complexa como “Desconstrução da literatura para material dramático”. Não é um tema muito simples, mas uma conversa de artistas sempre é de alma e espírito e as inteligências querem ser poesia de um jeito ou de outro; daí que Tomas Mann e Machado de Assis, parecem ter a mesma nacionalidade. Pelo menos na nossa ousadia! De Maceió fomos para Araripina, cento e poucos quilômetros para dentro de Alagoas. Nova aventura, onde o Fabrício seguiu conosco e onde encontramos o Thiago, querido, inesquecível. A apresentação no Teatro do Sesc foi para um pessoal que viveu nossa aventura de pão, vinho e palavras legais, com uma intimidade de namorados. Lá tivemos um debate de muito tempo mais que a peça e onde, como sempre, reafirmamos nossa convicção de atores narradores, bailando na energia da plateia. E depois? De volta a Maceió, para uma rápida parada e viagem na madrugada para Macapá, voando sobre a Amazônia e o Rio Amazonas. Que tal?
OS: Nas viagens alagoanas conhecemos uma outra criatura maravilhosa, inesquecível: seu João Batista, nosso amigo, motorista, guia turístico e contador de histórias, que dividiu cada minuto da viagem com as nossas e as suas aventuras, um ser humano notável, cheio de bossa e ritmo, olhos vivos e sapiência. Presenteou-nos de todas as formas possíveis e nos despedimos no aeroporto. Seu João abraçou-me e disse: “Você é do bem!”. O senhor é tanto quanto, seu João Batista. Que bom tê-lo ao nosso lado, brincando e fazendo arte com a energia que o Fabrício (espoleta) e o Thiago (carinho)  dividiram em nossa viagem. Vamos com muitas saudades. Ah! Alagoas....

terça-feira, 1 de novembro de 2011

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Flashes no Palco Giratório

Os efeitos do Palco Giratório na silhueta dos atores mais lindos de Curitiba!
 

Petrolina/Juazeiro... Pernambuco/Bahia...

Petrolina/PE – Juazeiro/BA – 31 de outubro – 20h00/21h00
Teatro João Gilberto
Público aproximado: 100 pessoas
Amigos: Jailson, Tiago e Célia
Nossa última parada em Pernambuco foi em Petrolina. Petrolina? Bem, a organização foi toda do Sesc/Petrolina, mas o espetáculo aconteceu no Teatro João Gilberto, em Juazeiro/BA, uma hora depois, mas na mesma hora. Dá pra entender? Por partes. O que separa Petrolina de Juazeiro é o encantador Rio São Francisco e uma ponte, mas uma peculiaridade faz toda a diferença: Em Juazeiro é o horário de verão e em Petrolina, não. Daí que você atravessa a ponte e viaja uma hora no tempo. Pode parecer simples, mas em determinados momentos isso provoca um certo deslocamento de raciocínio, no mínimo divertido. Fuso horário à parte, o espetáculo foi muito bacana com um público muito jovem, participativo e vibrante. E Petrolina? Uma cidade aberta, acariciada pelo Rio São Francisco, limpíssimo e de margens muito distantes; um banho de água doce que faz toda a diferença. Deixa tudo muito claro e espaçoso e de espírito natural. Petrolina é uma cidade de 350 mil habitantes com cara de metrópole e alma de natureza. E claro, servimos um vinho delicioso, de suas próprias vinícolas, um milagre da criação humana: uvas do sertão! Valeu Petrolina! Valeu Juazeiro! E agora? Um pouco no hotel porque pegamos o avião 4 da madrugada para conexão em Recife e Brasília e, se Deus quiser, chegarmos meio dia em Maceió, com certeza, cansados de falta de sono e aeroportos, mas prontos para outras! Isso é toda a magia do Palco Giratório!!!

Seu Marcondes: motorista e companheiro por todas as estradas de Pernambuco!

domingo, 30 de outubro de 2011

Flashes no Palco Giratório

Cecé inventa um oitavo passageiro. (Caruaru/PE)

Guilherme pronto para a balada, usando um presente da mamãe. (Garanhuns/PE)

Em ARARIPINA o exercício da improvisação



Araripina/Pernambuco – 29 de outubro
Sesc/Lions Clube
Público: mais ou menos 50 pessoas.
Amiga: Salomé
De Arcoverde, sertão a dentro, de repente a Serra do Araripe, majestosa e achatada nos altos, como uma plataforma sem fim; e por ela se chega em Ouricuri e de lá, mais um pouco e é Araripina. Lá encontramos Salomé, que nos conta, animada e vivíssima, que quando criança teimava o porquê de sua mãe ter-lhe dado o nome da mulher que pediu a cabeça de João Batista. Até que alguém a acalmou contando que Salomé também é a representação da obediência, porque afinal das contas se a menina fez o que fez foi por seguir a ordem de sua mãe Herodíade. Salomé, do Sesc, animou-se a esta história porque leu que o Grupo Delírio encenou “Salomé – Um Sonho de Oscar Wilde”. É, foi mesmo! E aí contei-lhe, eu Edson Bueno, a história desse espetáculo de tão boa memória. E como foram as coisas em Araripina? O Sesc não tinha um espaço próprio para a peça, daí que fizemos nosso “Evangelho...” no pátio do Lions Clube, logo em frente ao SESC LER. Um palco pequeno, sem saídas para a direita nem à esquerda, então que, pela primeira vez, a improvisação de marcas rolou solta. Não foi preciso combinar, nem ensaiar, o Grupo Delírio a essa altura dos acontecimentos já sabe os caminhos do espetáculo pelo movimento dos olhos. Tivemos pra oferecer um vinho delicioso e antes nos serviram com o lanche, um suco de Cajá que, to pra lhes dizer, uma coisa dos deuses! “O Evangelho São Mateus” nesse Palco Giratório, como era de se esperar, vai se transformando e transformando e bailando livre, leve e solto por onde passa. Foi em Araripina, tudo como tem que ser: divertido, sincero, simpático como um abraço doce e malandro/esperto, como alguém que abraça de amor e cochicha uma sacanagem no ouvido. E de quebra, assistimos no Sesc, dentro do projeto Sonora Brasil, o grupo “Banda de Congo Panela de Barro”, de Vitória, no Espírito Santo; que tocaram e cantaram sua música de raiz, o Congo, que atravessa os tempos como o que nunca se cansa de ser verdade e significar. Entre uma cantoria e outra, contam histórias da música, como a da entrada de São Benedito numa tradição que é mistura de candomblé e indígena. História que precisa de um outro post pra ser contada e que de tão boa merecia um filme. Fim do espetáculo fomos comer carne de bode assada, a melhor de toda essa louca viagem.

sábado, 29 de outubro de 2011

Hei, Garanhuns!!!


Garanhuns e a sua garotada vibrante, arretada, cheia de vida, sorrisos e talentos, vai ficar marcada em nossa memória pra sempre. Nunca os esqueceremos, temos a mais absoluta certeza. E o desejo de ficar aí com eles por muito, muito tempo é a certeza dessa “ficância”. Fiquem bem, queridos, vocês foram maravilhosos!!!
E olha aí o nome de um por um, que fizeram a nossa oficina:
André Cordeiiro dos Santos, Felipe Costa Espíndola, Ilma de Almeida Carvalho Dantas, Tamires Rodrigues dos Santos da Silva de Gois, Adevair José Batista Galdino, Uaxeda Noronha de Lima, Alef Rodrigo de Albuquerque, José Anderson Marques Vieira, Lydiane Batista de Vasconcelos, Juliana da Silva Bernardo, Bruno Adriano Barros Alves, Cesar Henrique de Souza Barras e Anna Beatriz de Azevedo Monteiro Morais.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

TRIUNFO - Quatro evangelhos!


Triunfo/Pernambuco – 28 de outubro
Público: mais ou menos 30 pessoas.
Amiga: Aurilene
Triunfo, no meio do sertão pernambucano é um milagre! Uma cidade de encanto e magias que parece criada e nascida de algum sonho, porque tudo é elaboração e beleza, das ruas de pedras, às construções centenárias, de fachadas restauradas e simpáticas. O tempo parece ter ficado preso, guardado a sete chaves e em um baú entre vales e clima confortável. Triunfo, que nos permita o clichê, é um triunfo do espírito humano. E o Hotel do Sesc, encravado no alto da pedra, um luxo, ainda oferece um passeio original, pelo teleférico que desce lá de cima até o centro da cidade. No alto, sobre um lago limpíssimo, vendo a cidade lá de cima, a Regina confessou: “Se um dia eu desaparecer, pode ter certeza de que eu vim morar em Triunfo!” Compreensível, morar no sonho é o sonho de todo sonhador, principalmente se for artista. O espetáculo foi suave, pequeno, delicado, como pedia a plateia pequena e atenta. Alguns amigos, companheiros de teatro de Fortaleza (Zaza e Marisa), além do Kleiton, lá estavam com seus olhos brilhantes e sorriso cúmplice. Foi tão diferente quanto bom, num auditório do Colégio Stella Maris, de muitos, muitos anos; como toda a cidade. E, surpresa, ao final, entre o vinho e o pão, surgiu Claudio Araujo, ator e instrutor do Sesc/Triunfo; estudioso dos evangelhos e da vida de Cristo. Com uma segurança incrível e naturalidade de quem muito sabe, contou dos quatro evangelhos: O de São Mateus foi escrito para os judeus, o de São Marcos foi escrito para aos romanos, o de Lucas (que não conheceu Jesus) foi escrito para os gregos e o de São João, foi escrito para os cristãos, por isso o seu Cristo é o filho, o cordeiro. Lição tomada, agora é achar uma forma de contar também isso para o público, nem que seja no prólogo, quando damos as boas vindas. Triunfo foi tranqüilo e pacífico e agora vamos avançar para o sertão e seguir amanhã para Petrolina, que nosso Road Theater está só no começo.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

ARCOVERDE e um teatro aberto!


Arcoverde/Pernambuco – 27 de outubro – 20h00
Público aproximado: 200 pessoas
Pátio do Sesc
Amigo: Miro
Arcoverde é a porta do sertão pernambucano e brincou de desafiar o Grupo Delírio. O teatro do Sesc está em plena construção e em dois ou três meses estará pronto e lindo para receber espetáculos. Então que a apresentação de “O Evangelho Segundo São Mateus” teve que ser feita no pátio externo, ao lado da piscina e em frente ao restaurante. Sem coxias, tudo aparente, tivemos que compreender que a apresentação deveria ser, não às claras, mas escancarada, com o movimento de coxias sendo visto, assim como o espetáculo. Seria preciso sim, mais concentração e mais foco. E, de presente, uma plateia animadíssima que foi chegando logo às 19h30, foi se colocando muito conversadeira diante do palco e veio ao teatro como quem vai a um lugar muito conhecido e muito íntimo. E, nós que não tivemos tempo para reconhecer a acústica do pátio, sabíamos que um novo desafio se apresentava diante de nossa arte. Um desafio agradável, mas ainda assim desafio. E o Palco Giratório do Sesc tem, entre tantas, esta virtude: a de proporcionar aos artistas o contato direto com o teatro mais puro, mais sincero e mais direto. E o espetáculo pareceu sempre um encontro, um festival, uma quermesse. E a comunicação com o público foi direta, aberta, deliciosa. Ao final, quando, no debate, falamos sobre a receptividade incrível do público pernambucano, alguém perguntou se fazer teatro para o nordeste seria mais “fácil”. Eu respondi que não era mais fácil, mas que era sim, mais gostoso! E quando alguém questionou sobre contar a história de Jesus como uma delicada, mas intensa reflexão sobre algo tão substantivo na alma de todo mundo, eu também respondi que o teatro sempre teria que ser assim. Se fossemos contar a história do descobrimento do Brasil, ou do golpe de 64, ou ainda do Chapeuzinho Vermelho, jamais seria a história oficial, mas as diversas versões, inclusive as mais iconoclastas e cruéis. Essa é a essência de nossa arte. Enfim, Arcoverde, com seus imensos sorrisos de plateia, foi um degrau a mais em nossa trajetória. Uma aventura de fluência e prazer. E, voltando para o hotel, o Fernando Albuquerque recitou um poema do poeta de Arcoverde, Zé da Luz , que de tão bom, vale a pena registrar aqui:
Ai se sesse!
Se um dia nóis se gostasse
Se um dia nóis se queresse
Se nóis dois se empariasse
Se juntinho nóis dois vivesse
Se juntinho nóis dois morasse
Se juntinho nóis dois drumisse
Se juntinho nóis dois morresse.
Se pro céu nóis assubisse
Mas porém se acontecesse
De São Pedro não abrisse
A porta do céu e fosse
Te dizer qualquer tolice
E se eu me arreminasse
E tu com eu insistisse
E eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Das veis que nós dois ficasse
Das veis que nós dois caísse
E o céu furado arriasse
E as virges do céu fugisse...
Eita, que bão!