domingo, 30 de outubro de 2011

Em ARARIPINA o exercício da improvisação



Araripina/Pernambuco – 29 de outubro
Sesc/Lions Clube
Público: mais ou menos 50 pessoas.
Amiga: Salomé
De Arcoverde, sertão a dentro, de repente a Serra do Araripe, majestosa e achatada nos altos, como uma plataforma sem fim; e por ela se chega em Ouricuri e de lá, mais um pouco e é Araripina. Lá encontramos Salomé, que nos conta, animada e vivíssima, que quando criança teimava o porquê de sua mãe ter-lhe dado o nome da mulher que pediu a cabeça de João Batista. Até que alguém a acalmou contando que Salomé também é a representação da obediência, porque afinal das contas se a menina fez o que fez foi por seguir a ordem de sua mãe Herodíade. Salomé, do Sesc, animou-se a esta história porque leu que o Grupo Delírio encenou “Salomé – Um Sonho de Oscar Wilde”. É, foi mesmo! E aí contei-lhe, eu Edson Bueno, a história desse espetáculo de tão boa memória. E como foram as coisas em Araripina? O Sesc não tinha um espaço próprio para a peça, daí que fizemos nosso “Evangelho...” no pátio do Lions Clube, logo em frente ao SESC LER. Um palco pequeno, sem saídas para a direita nem à esquerda, então que, pela primeira vez, a improvisação de marcas rolou solta. Não foi preciso combinar, nem ensaiar, o Grupo Delírio a essa altura dos acontecimentos já sabe os caminhos do espetáculo pelo movimento dos olhos. Tivemos pra oferecer um vinho delicioso e antes nos serviram com o lanche, um suco de Cajá que, to pra lhes dizer, uma coisa dos deuses! “O Evangelho São Mateus” nesse Palco Giratório, como era de se esperar, vai se transformando e transformando e bailando livre, leve e solto por onde passa. Foi em Araripina, tudo como tem que ser: divertido, sincero, simpático como um abraço doce e malandro/esperto, como alguém que abraça de amor e cochicha uma sacanagem no ouvido. E de quebra, assistimos no Sesc, dentro do projeto Sonora Brasil, o grupo “Banda de Congo Panela de Barro”, de Vitória, no Espírito Santo; que tocaram e cantaram sua música de raiz, o Congo, que atravessa os tempos como o que nunca se cansa de ser verdade e significar. Entre uma cantoria e outra, contam histórias da música, como a da entrada de São Benedito numa tradição que é mistura de candomblé e indígena. História que precisa de um outro post pra ser contada e que de tão boa merecia um filme. Fim do espetáculo fomos comer carne de bode assada, a melhor de toda essa louca viagem.

Um comentário:

  1. Aquele com camisa listrada vermelha à esquerda sou eu, encantado com o espetáculo, que foi singelo (dadas as dificuldades do espaço) mas vibrante, de riso fácil e de palavras que são profundas à alma. Mutíssimo obrigado pelo espetáculo que nos proporcionaram. Mutíssimo obrigado também ao SESC de Araripina , que aos poucos vai trazendo a chuva pra esta terra seca e árida não só no clima, mas também na cultura.

    PS: A nossa carne de bode é realmente sensacional, iguaria da qual vocês do sul pouco conhecem, n é mesmo?

    Abraços!!!

    ResponderExcluir