sexta-feira, 14 de outubro de 2011

TRILOGIA DO RIO MADEIRA (3) – Por Tiago Luz



III – AMENIDADES DO ANTES, DURANTE E DEPOIS DA BATALHA.
De nossa chegada a Rondônia até o dia de nossa partida, apreciamos um desfile de rostos simpáticos e dispostos. Das atendentes do hotel aos nossos anjos do SESC, recebemos um abraço incomum, delicioso e humano, sem a subserviência ou arrogância que a burocracia costuma imprimir como extremos. Nosso primeiro amigo, Claudio, nos levou para jantar na calçada da fama. Dois chops mais tarde, voltamos para o hotel onde encontramos os integrantes do grupo Amoc do Rio de Janeiro, que também estão no palco giratório. Promovemos uma festa em um dos quartos. Conversamos de teatro e música a zumbis e signos do zodíaco. Nossos colegas de nomes exóticos, Ruda, Bruce,..., partiram no dia seguinte na mesma hora em que nos preparávamos para mais um ensaio de Kafka. Depois da apresentação do “evangelho” fomos jantar a beira do rio em um espaço muito agradável, onde os nossos amigos (de pouca data, mas de santos muito parecidos) Andressa e Claudio acabaram virando power ranger com o Guilherme, o Gustavo e a Cecé. E eu acabei virando o Zord, seja lá quem ele for. Fato é que os nossos celulares agora têm o mesmo toque quando recebem mensagens - PÍPIPIRIPÍPI – quem tem menos de trinta anos já sacou qual é a da musiquinha. Fomos cedo para casa (hotel) porque o dia seria de sangue, suor e ranger de dentes. No dia seguinte, mesmo ensaiando como alucinados, tivemos tempo de comprar um vestido de presente para a Rê, que estava de aniversário. Acertamos na compra porque ela ficou linda e gostosa. Depois de apresentar Kafka, durante o debate, cantamos parabéns para ela, que saiu de Rondônia com cinco propostas de casamento, mas como o compadre Beto tem muita moral não correu risco algum. Como dizia anteriormente, depois do “Périplo kafkiano de Porto Velho”, fomos para o hotel com aquela sensação de quem sobreviveu a uma queda vertiginosa. Um banho rápido e saímos, a pé, aventureiros que somos, afim de conhecer a cidade ao lado dos nossos novos amigos, que por ser péssimo com nomes só lembro de alguns, logo não serão citados para não cometer nenhuma injustiça. Uma rapaziada gente boa em ultimo grau, como dizemos por aqui. No caminho, uma cachorrinha de rua resolveu nos adotar e logo recebeu o nome de Piculicã. Como eu disse abusamos do piculiquismo. Ao chegarmos à beira do rio, uma outra cachorrinha de rua veio correndo, fazendo festa para nossa tchurma que foi logo acarinhando a bichinha (amamos profundamente as “árvres” e os bichinhos de Deus). Ficamos duplamente felizes, mais uma cachorrinha simpática. Mas assim que a outra avistou a nossa Piculicã, avançou sobre ela com mordidas e xingamentos caninos. Guilherme, que já havia se afeiçoado a Piculicã, tratou de separar a briga. Mas a outra cachorra ciumenta e enfurecida não cessava os xingamentos e tentativas de mordida. Até que chegou um vira-lata de médio porte, com cara de gente boa (cão bom) e cheio de dignidade que eu chamei de Jack, sei lá por quê. Isso me fez pensar, não somos nós, vez ou outra, assim também. A cachorra ciumenta não pensou que nós estivéssemos dispostos a dividir o carinho entre elas, viu na Piculicã apenas uma ameaça sobre aquilo que ela julgava ser dela, sua raiva canina a deixou sozinha na beira do rio. Fomos escoltados por Jack e Piculicã até a cantina do porto onde ela ganhou alguns pedaços de queijo (era o que tinha sobrado quando ela voltou, depois de ter sumido com Jack para fazer safadezas). Voltamos a pé com os nossos amigos para o hotel. Cantando chegamos mais rápido do que fomos. O resto da noite? Outra história, só que essa não vai para o blog, vai ficar guardadinha na memória. 
Epílogo
Antes de ir embora fizemos um passeio de uma hora pelo Rio Madeira, com direito a contexto histórico e tudo. O rio é imenso e lindo. A história da cidade é rica em acontecimentos, de uma importância que ultrapassa as fronteiras do Brasil. Vimos a hidrelétrica, a ponte em construção que vai ligar uma parte da transamazônica e alguns botos tímidos com a luz do dia (diz a lenda que à noite eles são um perigo para as moças que se aproximam das margens do rio). Fomos levados ao aeroporto e nos despedimos da Andressa, do Claudio, do Grilo, deixando um abraço aos técnicos do teatro que nos ajudaram muito. Da “batalha de Porto Velho”? Roubamos alguns corações amigos e nos fortalecemos ainda mais como grupo. Que venham esses dois meses de viagem! Nossa odisséia começa no dia 07 rumo a Campo Grande-MS. Quantos delírios ainda estão por vir? Muitos, espero... Esperamos!

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