Arcoverde/Pernambuco – 27 de outubro – 20h00
Público aproximado: 200 pessoas
Pátio do Sesc
Amigo: Miro
Arcoverde é a porta do sertão pernambucano e brincou de desafiar o Grupo Delírio. O teatro do Sesc está em plena construção e em dois ou três meses estará pronto e lindo para receber espetáculos. Então que a apresentação de “O Evangelho Segundo São Mateus” teve que ser feita no pátio externo, ao lado da piscina e em frente ao restaurante. Sem coxias, tudo aparente, tivemos que compreender que a apresentação deveria ser, não às claras, mas escancarada, com o movimento de coxias sendo visto, assim como o espetáculo. Seria preciso sim, mais concentração e mais foco. E, de presente, uma plateia animadíssima que foi chegando logo às 19h30, foi se colocando muito conversadeira diante do palco e veio ao teatro como quem vai a um lugar muito conhecido e muito íntimo. E, nós que não tivemos tempo para reconhecer a acústica do pátio, sabíamos que um novo desafio se apresentava diante de nossa arte. Um desafio agradável, mas ainda assim desafio. E o Palco Giratório do Sesc tem, entre tantas, esta virtude: a de proporcionar aos artistas o contato direto com o teatro mais puro, mais sincero e mais direto. E o espetáculo pareceu sempre um encontro, um festival, uma quermesse. E a comunicação com o público foi direta, aberta, deliciosa. Ao final, quando, no debate, falamos sobre a receptividade incrível do público pernambucano, alguém perguntou se fazer teatro para o nordeste seria mais “fácil”. Eu respondi que não era mais fácil, mas que era sim, mais gostoso! E quando alguém questionou sobre contar a história de Jesus como uma delicada, mas intensa reflexão sobre algo tão substantivo na alma de todo mundo, eu também respondi que o teatro sempre teria que ser assim. Se fossemos contar a história do descobrimento do Brasil, ou do golpe de 64, ou ainda do Chapeuzinho Vermelho, jamais seria a história oficial, mas as diversas versões, inclusive as mais iconoclastas e cruéis. Essa é a essência de nossa arte. Enfim, Arcoverde, com seus imensos sorrisos de plateia, foi um degrau a mais em nossa trajetória. Uma aventura de fluência e prazer. E, voltando para o hotel, o Fernando Albuquerque recitou um poema do poeta de Arcoverde, Zé da Luz , que de tão bom, vale a pena registrar aqui:
Ai se sesse!
Se um dia nóis se gostasse
Se um dia nóis se queresse
Se nóis dois se empariasse
Se juntinho nóis dois vivesse
Se juntinho nóis dois morasse
Se juntinho nóis dois drumisse
Se juntinho nóis dois morresse.
Se pro céu nóis assubisse
Mas porém se acontecesse
De São Pedro não abrisse
A porta do céu e fosse
Te dizer qualquer tolice
E se eu me arreminasse
E tu com eu insistisse
E eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Das veis que nós dois ficasse
Das veis que nós dois caísse
E o céu furado arriasse
E as virges do céu fugisse...
Eita, que bão!
Ótima peça, o grupo está de parabéns, os textos ficaram muito bons, curti bastante as explicações da química do pão misturadas com um pouco do mistíssimos da fé característica dos textos bíblicos, pois a ciência tende a desmistificar as coisas mostrando os "bastidores" do milagre, já a religião costuma mostrar só resultado do "truque" mantando uma aura mística e talvez por isso encante mais gente, resumindo achei uma combinação muito boa, no geral sonoplastia, iluminação, atuações e interação com o púbico, tudo isso em espaço aberto foi ótimo.
ResponderExcluirSem esquecer, é claro do vinho para dar um toque a mais.
espero que gostem da estadia em Pernambuco.
Ass: (São Longuinho)
para ver meus trabalho =D acesse:
http://robsonlima-rob.blogspot.com
Fantástico! Uma ótima forma de se sentir em casa indo ao teatro...
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