Os efeitos do Palco Giratório na silhueta dos atores mais lindos de Curitiba!
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Petrolina/Juazeiro... Pernambuco/Bahia...
Petrolina/PE – Juazeiro/BA – 31 de outubro – 20h00/21h00
Teatro João Gilberto
Público aproximado: 100 pessoas
Amigos: Jailson, Tiago e Célia
Nossa última parada em Pernambuco foi em Petrolina. Petrolina? Bem, a organização foi toda do Sesc/Petrolina, mas o espetáculo aconteceu no Teatro João Gilberto, em Juazeiro/BA, uma hora depois, mas na mesma hora. Dá pra entender? Por partes. O que separa Petrolina de Juazeiro é o encantador Rio São Francisco e uma ponte, mas uma peculiaridade faz toda a diferença: Em Juazeiro é o horário de verão e em Petrolina, não. Daí que você atravessa a ponte e viaja uma hora no tempo. Pode parecer simples, mas em determinados momentos isso provoca um certo deslocamento de raciocínio, no mínimo divertido. Fuso horário à parte, o espetáculo foi muito bacana com um público muito jovem, participativo e vibrante. E Petrolina? Uma cidade aberta, acariciada pelo Rio São Francisco, limpíssimo e de margens muito distantes; um banho de água doce que faz toda a diferença. Deixa tudo muito claro e espaçoso e de espírito natural. Petrolina é uma cidade de 350 mil habitantes com cara de metrópole e alma de natureza. E claro, servimos um vinho delicioso, de suas próprias vinícolas, um milagre da criação humana: uvas do sertão! Valeu Petrolina! Valeu Juazeiro! E agora? Um pouco no hotel porque pegamos o avião 4 da madrugada para conexão em Recife e Brasília e, se Deus quiser, chegarmos meio dia em Maceió, com certeza, cansados de falta de sono e aeroportos, mas prontos para outras! Isso é toda a magia do Palco Giratório!!!
domingo, 30 de outubro de 2011
Flashes no Palco Giratório
Cecé inventa um oitavo passageiro. (Caruaru/PE)
Guilherme pronto para a balada, usando um presente da mamãe. (Garanhuns/PE)
Guilherme pronto para a balada, usando um presente da mamãe. (Garanhuns/PE)
Em ARARIPINA o exercício da improvisação
Araripina/Pernambuco – 29 de outubro
Sesc/Lions Clube
Público: mais ou menos 50 pessoas.
Amiga: Salomé
De Arcoverde, sertão a dentro, de repente a Serra do Araripe, majestosa e achatada nos altos, como uma plataforma sem fim; e por ela se chega em Ouricuri e de lá, mais um pouco e é Araripina. Lá encontramos Salomé, que nos conta, animada e vivíssima, que quando criança teimava o porquê de sua mãe ter-lhe dado o nome da mulher que pediu a cabeça de João Batista. Até que alguém a acalmou contando que Salomé também é a representação da obediência, porque afinal das contas se a menina fez o que fez foi por seguir a ordem de sua mãe Herodíade. Salomé, do Sesc, animou-se a esta história porque leu que o Grupo Delírio encenou “Salomé – Um Sonho de Oscar Wilde”. É, foi mesmo! E aí contei-lhe, eu Edson Bueno, a história desse espetáculo de tão boa memória. E como foram as coisas em Araripina? O Sesc não tinha um espaço próprio para a peça, daí que fizemos nosso “Evangelho...” no pátio do Lions Clube, logo em frente ao SESC LER. Um palco pequeno, sem saídas para a direita nem à esquerda, então que, pela primeira vez, a improvisação de marcas rolou solta. Não foi preciso combinar, nem ensaiar, o Grupo Delírio a essa altura dos acontecimentos já sabe os caminhos do espetáculo pelo movimento dos olhos. Tivemos pra oferecer um vinho delicioso e antes nos serviram com o lanche, um suco de Cajá que, to pra lhes dizer, uma coisa dos deuses! “O Evangelho São Mateus” nesse Palco Giratório, como era de se esperar, vai se transformando e transformando e bailando livre, leve e solto por onde passa. Foi em Araripina, tudo como tem que ser: divertido, sincero, simpático como um abraço doce e malandro/esperto, como alguém que abraça de amor e cochicha uma sacanagem no ouvido. E de quebra, assistimos no Sesc, dentro do projeto Sonora Brasil, o grupo “Banda de Congo Panela de Barro”, de Vitória, no Espírito Santo; que tocaram e cantaram sua música de raiz, o Congo, que atravessa os tempos como o que nunca se cansa de ser verdade e significar. Entre uma cantoria e outra, contam histórias da música, como a da entrada de São Benedito numa tradição que é mistura de candomblé e indígena. História que precisa de um outro post pra ser contada e que de tão boa merecia um filme. Fim do espetáculo fomos comer carne de bode assada, a melhor de toda essa louca viagem.
sábado, 29 de outubro de 2011
Hei, Garanhuns!!!
Garanhuns e a sua garotada vibrante, arretada, cheia de vida, sorrisos e talentos, vai ficar marcada em nossa memória pra sempre. Nunca os esqueceremos, temos a mais absoluta certeza. E o desejo de ficar aí com eles por muito, muito tempo é a certeza dessa “ficância”. Fiquem bem, queridos, vocês foram maravilhosos!!!
E olha aí o nome de um por um, que fizeram a nossa oficina:
André Cordeiiro dos Santos, Felipe Costa Espíndola, Ilma de Almeida Carvalho Dantas, Tamires Rodrigues dos Santos da Silva de Gois, Adevair José Batista Galdino, Uaxeda Noronha de Lima, Alef Rodrigo de Albuquerque, José Anderson Marques Vieira, Lydiane Batista de Vasconcelos, Juliana da Silva Bernardo, Bruno Adriano Barros Alves, Cesar Henrique de Souza Barras e Anna Beatriz de Azevedo Monteiro Morais.
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
TRIUNFO - Quatro evangelhos!
Triunfo/Pernambuco – 28 de outubro
Público: mais ou menos 30 pessoas.
Amiga: Aurilene
Triunfo, no meio do sertão pernambucano é um milagre! Uma cidade de encanto e magias que parece criada e nascida de algum sonho, porque tudo é elaboração e beleza, das ruas de pedras, às construções centenárias, de fachadas restauradas e simpáticas. O tempo parece ter ficado preso, guardado a sete chaves e em um baú entre vales e clima confortável. Triunfo, que nos permita o clichê, é um triunfo do espírito humano. E o Hotel do Sesc, encravado no alto da pedra, um luxo, ainda oferece um passeio original, pelo teleférico que desce lá de cima até o centro da cidade. No alto, sobre um lago limpíssimo, vendo a cidade lá de cima, a Regina confessou: “Se um dia eu desaparecer, pode ter certeza de que eu vim morar em Triunfo!” Compreensível, morar no sonho é o sonho de todo sonhador, principalmente se for artista. O espetáculo foi suave, pequeno, delicado, como pedia a plateia pequena e atenta. Alguns amigos, companheiros de teatro de Fortaleza (Zaza e Marisa), além do Kleiton, lá estavam com seus olhos brilhantes e sorriso cúmplice. Foi tão diferente quanto bom, num auditório do Colégio Stella Maris, de muitos, muitos anos; como toda a cidade. E, surpresa, ao final, entre o vinho e o pão, surgiu Claudio Araujo, ator e instrutor do Sesc/Triunfo; estudioso dos evangelhos e da vida de Cristo. Com uma segurança incrível e naturalidade de quem muito sabe, contou dos quatro evangelhos: O de São Mateus foi escrito para os judeus, o de São Marcos foi escrito para aos romanos, o de Lucas (que não conheceu Jesus) foi escrito para os gregos e o de São João, foi escrito para os cristãos, por isso o seu Cristo é o filho, o cordeiro. Lição tomada, agora é achar uma forma de contar também isso para o público, nem que seja no prólogo, quando damos as boas vindas. Triunfo foi tranqüilo e pacífico e agora vamos avançar para o sertão e seguir amanhã para Petrolina, que nosso Road Theater está só no começo.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
ARCOVERDE e um teatro aberto!
Arcoverde/Pernambuco – 27 de outubro – 20h00
Público aproximado: 200 pessoas
Pátio do Sesc
Amigo: Miro
Arcoverde é a porta do sertão pernambucano e brincou de desafiar o Grupo Delírio. O teatro do Sesc está em plena construção e em dois ou três meses estará pronto e lindo para receber espetáculos. Então que a apresentação de “O Evangelho Segundo São Mateus” teve que ser feita no pátio externo, ao lado da piscina e em frente ao restaurante. Sem coxias, tudo aparente, tivemos que compreender que a apresentação deveria ser, não às claras, mas escancarada, com o movimento de coxias sendo visto, assim como o espetáculo. Seria preciso sim, mais concentração e mais foco. E, de presente, uma plateia animadíssima que foi chegando logo às 19h30, foi se colocando muito conversadeira diante do palco e veio ao teatro como quem vai a um lugar muito conhecido e muito íntimo. E, nós que não tivemos tempo para reconhecer a acústica do pátio, sabíamos que um novo desafio se apresentava diante de nossa arte. Um desafio agradável, mas ainda assim desafio. E o Palco Giratório do Sesc tem, entre tantas, esta virtude: a de proporcionar aos artistas o contato direto com o teatro mais puro, mais sincero e mais direto. E o espetáculo pareceu sempre um encontro, um festival, uma quermesse. E a comunicação com o público foi direta, aberta, deliciosa. Ao final, quando, no debate, falamos sobre a receptividade incrível do público pernambucano, alguém perguntou se fazer teatro para o nordeste seria mais “fácil”. Eu respondi que não era mais fácil, mas que era sim, mais gostoso! E quando alguém questionou sobre contar a história de Jesus como uma delicada, mas intensa reflexão sobre algo tão substantivo na alma de todo mundo, eu também respondi que o teatro sempre teria que ser assim. Se fossemos contar a história do descobrimento do Brasil, ou do golpe de 64, ou ainda do Chapeuzinho Vermelho, jamais seria a história oficial, mas as diversas versões, inclusive as mais iconoclastas e cruéis. Essa é a essência de nossa arte. Enfim, Arcoverde, com seus imensos sorrisos de plateia, foi um degrau a mais em nossa trajetória. Uma aventura de fluência e prazer. E, voltando para o hotel, o Fernando Albuquerque recitou um poema do poeta de Arcoverde, Zé da Luz , que de tão bom, vale a pena registrar aqui:
Ai se sesse!
Se um dia nóis se gostasse
Se um dia nóis se queresse
Se nóis dois se empariasse
Se juntinho nóis dois vivesse
Se juntinho nóis dois morasse
Se juntinho nóis dois drumisse
Se juntinho nóis dois morresse.
Se pro céu nóis assubisse
Mas porém se acontecesse
De São Pedro não abrisse
A porta do céu e fosse
Te dizer qualquer tolice
E se eu me arreminasse
E tu com eu insistisse
E eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Das veis que nós dois ficasse
Das veis que nós dois caísse
E o céu furado arriasse
E as virges do céu fugisse...
Eita, que bão!
terça-feira, 25 de outubro de 2011
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
domingo, 23 de outubro de 2011
O céu existe entre sete colinas, e GARANHUNS é de lá!
Garanhuns – Pernambuco
Teatro Luiz Solto Dourado – Antiga Estação Ferroviária
24 de outubro
Público: aproximadamente 100 pessoas
Amigos: Lilian e Stephany
Após a apresentação de “O Evangelho Segundo São Mateus” neste domingo, convidamos o público para um debate e, além da própria apresentação, o debate deu a dimensão exata do que foi esta noite em Garanhuns. Mais de 50 pessoas ficaram para a conversa e o debate durou mais de uma hora, ou seja, mais do que o tempo da própria peça. Pouco antes subiu ao palco a escritora Ivonete Batista Xavier (“Bonecas de Pano”), que apertou as mãos do Edson Bueno e declarou, com o semblante plácido e tranquilidade nas palavras: “Estou muito distinguida com o espetáculo de vocês.” Há um orgulho muito grande quando ouvimos esse tipo de sinceridade, porque nos dá a sensação de estar fazendo um bom trabalho. E mais ainda quando vimos na plateia, no debate, uma garotada animada, curiosa e interessada e ainda, gente de todas as idades, com os olhos vivos e simpáticos, respeitosos pelo nosso espetáculo. Essa nossa celebração cênica encontrou em Garanhuns uma energia simpática, uma assistência de braços abertos e respeito pelo nosso processo e nossa linguagem. Garanhuns, a cidade das flores, é uma grande cidade; com um movimento teatral intenso e vibração artística. Hoje, no hotel do SESC, olhando o mapa de Pernambuco, percebo que estamos fazendo todo o território, de ponta a ponta... uma viagem inesquecível. Pernambuco está modificando nossa sensibilidade e transformando nossa naturalidade em pura poesia. Agora ficamos dois dias aqui, assistindo espetáculos do III Festival de Artes Cênicas de Garanhuns e aplicando nossa oficina. Depois partimos para Arcoverde. E amanhã vamos curtir “Aruá, o Boi Encantado”, com o Grupo Vem Ver Teatro II, “Por Um Fio”, do Coletivo TearTeatro e ainda “Reprilhadas e Antralhofas – Um Concerto para acabar com a tristeza” da Cia. 2 Em Cena de Teatro, Circo e Dança e “Vicência”, da Trupe Azimute. Vamos lá!
sábado, 22 de outubro de 2011
CARUARU - Suavidade e fluência...
Caruaru - Pernambuco
Teatro Rui Limeira Rosal/ Sesc – 23 de outubro
Público aproximado: 70 pessoas
Amigo: Severino
Nossa passagem por Caruaru é tão fugaz quanto intensa. Chegamos perto do meio dia e depois de altos banhos de piscina no Hotel Village, fomos para o teatro, montar cenário, luz e fazer o espetáculo já às 20 horas. Claro, antes uma passada pela famosa Feira do Artesanato, onde, sem brincadeira, a Cecé comprou um bode! Falso, claro, mas em tamanho natural, pelagem natural e capacidade para 2 litros do que você quiser colocar na sua barriga... e depois você serve adivinhem por onde! Como a Cecé vai carregar o tal bode pelo Palco Giratório, aviões, vans e micro-ônibus é uma história para ser contada no final, em dezembro. Mas fato é que a Cecé comprou um bode e qualquer hora a gente publica aqui a fotografia do tal. E o espetáculo? Especialíssimo! Um público íntimo, suave, delicado, que acompanhou nossas palavras e gestos com cuidado e atenção, como se sentisse nossas respirações e viajasse conosco pela malandra reflexão que fazemos, inspirados por um poeta malandro e intenso: Fernando Pessoa. Ao final, presentes! O diretor de teatro Paulo Sobrinho chegou-se a mim e acariciou: “Seu espetáculo é natural sem ser real.” E basta! Porque todo o teatro parece estar contido nesta simples e profunda frase. Sem arrogâncias bobas, dá pra dizer que Paulo sabe o que e com o falar. Obrigado. E ainda mais. A poetiza Bela Araujo, com ritmo de Pessoa, colocou o elenco todo a sua frente e, no palco, com a voz mais doce e madura do mundo, presenteou-nos com uma poesia sua:
“A poesia toma forma em um corpo louco, que corre, grita e chora. É vendida nas ruas para meretrizes, pensadores, cantores. Passou de um corpo para outro, virou semente agora. Às vezes fica perdida no tempo, no momento, porque quem a comprou não a leu; e se quem a leu não a percebeu, vai ser sempre espinho e a flor, esta volta ao caminho de quem a plantou.”
Muito, muito obrigado querida! Um super beijo em seu coração também! Você e o público de Caruaru nos proporcionaram uma noite maravilhosa, talvez tão maravilhosa quanto a que quisemos proporcionar-lhes. E acho que deu certo. E agora e partir para um lugar chamado de “friozinho”: Garanhuns! E logo cedo, às nove da manhã. Vamo-nos pelo interior do Pernambuco, uma surpresa à cada porto!
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
SURUBIM É MASSA
SURUBIM - Pernambuco
Auditório do Severino Farias
Público: aproximadamente 150 pessoas
Amigo: Avassi
A viagem de Campina Grande para Surubim, no micro-ônibus dirigido pelo senhor Marcondes, foi com o elenco dormindo. Tivemos que acordar 3 horas antes do previsto e os baladeiros tinham atravessado a madrugada. Tudo bem, Surubim nos recebeu de braços abertos e o Hotel Cristal é muito, muito bom. A apresentação, às 15h30 do dia 21, foi no Auditório do Colégio Severino Farias e o público formado por adolescentes e muitos amigos além dos 60 anos. As apresentações para público dirigido sempre são uma “caixinha de surpresas”, porque nunca sabemos exatamente o que esperam do espetáculo, já que chegam no teatro mais por sugestão do que por opção. Um garoto, na frente do auditório, quando servíamos suco de uva, me perguntou: “Como é o nome da peça? De onde vocês são?” E daí que fomos para o palco de coração aberto e dispostos a celebrar nosso espetáculo com tranqüilidade e calma. Foi lindo! Um público entusiasmado, atento e participativo e que recebeu o Gustavo Saulle com gritos, quando apresentado. “Nosso galã!, eu disse”. E todos concordaram. Uma reflexão de última hora: o público do interior nordestino é muito católico, muito devoto e tem o espírito livre para o espetáculo, mas claro, assusta-se com a visão às vezes radical e paradoxal de uma coisa que para eles é muito simples, a existência de Deus e de seu filho Jesus. É preciso cuidado, compreensão do outro e compreensão de que nosso espetáculo é um diálogo e que precisamos conversar com o público. Cada espetáculo é um espetáculo. Nossas percepções têm estado cada vez mais abertas para essa circunstância. De todo modo, verdade é que Surubim é uma cidade muito vibrante. As ruas cheias de gente indo e vindo e com peculiaridades incríveis, como por exemplo, a existência de umas camionetas Toytota que nunca vimos em lugar nenhum, e que aqui, circulam em abundância. De todas as cores e com diversas utilidades, sendo a maior a de transportar pessoas. E de quebra conhecemos o pessoal do Grupo Proscênio, vibrantes e de cabeça muito aberta, o que aponta para resultados provocativos. Adoráveis. André, Verinaid, Aline, Amanda e Gilberto ficaram para conversarmos bastante ao final de tudo. Enfim, nessa cidade acolhedora, nosso “Evangelho Segundo São Mateus” foi fluido e simples. Como tem que ser.
O Grupo Proscênio
ON THE ROAD...
Há, neste exercício incrível de saltar de uma cidade para outra de um dia para o outro, de experimentar sensações velozes e esforçar-se para que o momento presente seja forte e poderoso, um ato de renúncia: renunciar às amarras do que um dia foi você mesmo. Porque a cada dois dias é um público novo, pessoas novas, lugares, comidas, cama, quarto, paisagem, teatros e sensações. O Palco Giratório dá mil e uma voltas dentro de cada um de nós e é preciso desapegar-se rápido, porque a experiência, embora pontual, é complexa e atinge o corpo todo, daí que a cada dia uma parte nova reclama ou comemora. Desde o dia 7, quando partimos de Curitiba para Campo Grande, às oito da manhã, para uma conexão em Maringá, já atravessamos quatro capitais (Campo Grande, Belo Horizonte, Vitória, João Pessoa) e uma grande e vibrante cidade, Campina Grande, na Paraíba.
Campo Grande/MS – 08 de outubro –
Público aproximado: 150 pessoas
Sesc Horto – Teatro Prosa
Amigos: Rodrigo e Franciele
Em Campo Grande demos oficina (o Grupo todo) e ainda apresentamos para os alunos, nosso work in progress de “O Processo K”, um derivativo do espetáculo de 2009, mais “O Processo” e “Um Artista da Fome”, do grande Franz. Conhecemos pessoas incríveis, um grupo de alunos espertíssimos, ligados no processo do Delírio, mistura de ortodoxia e liberdade.
Tamires Donin, Fernanda Rezende, Silvio Sartoro, Greta Helena, Bruno, Nastali, Natália, Edoin, Felipe, Anna Guillhermina, Ana Paula, Glaucia, Emanuiele e Stelio.
Para todos a lição de que tudo tem um preço e que é preciso insistir para que o sonho, de alguma forma, vire realidade e dê frutos.
Belo Horizonte/MG – 11 de outubro
Público aproximado – 80 pessoas
Sesc Tupinambás
Amigo: Augusto, de todos os momentos.
Nosso case foi simplesmente desintegrado pelo transporte de avião e ficou solitário, triste e alquebrado na entrada do SESC, porque não cabia na passagem para o Auditório. Foi uma novela para recuperar suas forças e entre parafusos improvisados e fita silver tape ele remendou-se e aparentemente pode seguir viagem. Segundo o Guilherme, ficou com mais personalidade, menos careta e mais humano. É um belo consolo. A apresentação foi especialíssima e o debate durou mais de hora e meia de vinho, pão e reflexões de todo lado. A Regina disse que o texto do espetáculo surgiu de um momento em que o Edson Bueno estava mais do que de bem com a vida e daí que o resultado só poderia ser uma celebração. Ok! Aceito. No dia seguinte, enquanto a Regina encarregou-se da Oficina de Interpretação, reencontramos a grande, especial, única amiga Tania Araujo, que nos levou até Ouro Preto: a emoção das emoções. Ouro Preto é uma lição de tudo o quanto se pode imaginar de brasilidade e a emoção me provocou lágrimas na praça central, quando li, na estátua de Tiradentes a inscrição “aqui, em poste de ignomínia, esteve exposta a sua cabeça”. Huuu! E depois, visitando o Museu da Inconfidência, um pedaço da nossa história no que ela tem de mais digno e valoroso. Mas Ouro Preto inteira é inspiradora e viva. A oficina? Um sucesso e a Regina fez questão de anotar o nome de todos os alunos:
Alison, Danilo, Edilene, Sergio, Marcelo, Ramon, Naiara, Igor, Adriana, Meyyelson, Patrícia, Beatriz, Estefanio, Gabriela, marina, Rafael, laura, Lucas, Cristina, Isadora, Daniel e Ari. E de Belo Horizonte para Vitória, participar do 7º. Festival Nacional Cidade de Vitória.
Vitória/ES – 14 de Outubro
Público aproximado: 400 pessoas
Theatro Carlos Gomes
Amigos: Colette, Paulo Cruz e Leandro
O Theatro (maravilhoso!) Carlos Gomes é um patrimônio histórico brasileiro e, claro, tem lá suas peculiaridades. Daí que não pudemos servir café e vinho para o público, na plateia, durante o espetáculo. A solução foi servir o público fora dele e daí que a Praça, diante do theatro (assim mesmo, com th) virou uma festa dionisíaca, antes mesmo de tudo começar. E foi arrebatador, com a vibração de um theatro daquela magnitude, aplaudindo e curtindo nossa história. O Palco Giratório gira, gira, gira e vai bagunçando nossas vísceras artísticas. Creiam, cada apresentação é uma só e especial e nada se compara ao que aconteceu na apresentação anterior.
A Oficina também foi com o grupo todo e numa sala da Fafi (antiga Faculdade de Filosofia) encerrou-se com uma nova apresentação de nosso novo “O Processo K”. Os alunos?
Ana Claudia, Anaximandro, Andressa, Angela, Bruna, Carlos Eduardo, Cristina, Cyntia, Doriedson, Dulvineia, Elias, Evilyn, Fabio, Felipe, Jéssica, João, Kauane, Leonardo, Lorena, Lorrayna, Luciana, Mariana, Regina, Robson, Ruan, Tamiris, Tatiany, Vinicius, Werlesson, Leonardo e Thelma. Além do Zé Celso que acompanhou tudo de perto e foi muito amigo. Obrigado, Vitória! E de Vitória para João Pessoa, capital da Paraíba, um estado onde o Grupo Delírio nunca tinha colocado os pés.
João Pessoa/Paraíba
Theatro Santa Roza
Público: mais ou menos 50 pessoas.
Amigos: Leandro e mais outros que esquecemos de anotar os nomes
O Theatro Santa Roza é um caso à parte. Fundado em 1891, é um monumento arquitetônico de deixar qualquer um com água na boca e queixo caído. O Guilherme gritou: “Parece que estou dentro do Titanic”. Direção de arte centenária, digna do Oscar! Fazer teatro pisando naquelas tábuas é uma honra, um acontecimento para qualquer ator. Ficamos orgulhosos. O público de João Pessoa é mais sisudo, embora aberto e sincero. Foi um espetáculo onde tivemos que pensar e repensar nossas intenções e o significado das palavras. Cada público é um público. E no fim, graças, tudo sempre dá certo. Nosso “Evangelho Segundo São Mateus” tem seus fascínios, assim como João Pessoa e o deslumbrante Theatro Santa Roza! Uma espectadora chegou-se ao Guilherme e disparou: “O espetáculo de vocês é desrespeitoso!” E o Gui, assustado, argumentou que “ama a teu próximo como a ti mesmo!” não pode significar desrespeito, mas cada um ouve a vida conforme sua história e o nosso “Evangelho...” nunca pretendeu ser a verdade com começo meio e fim, e muito menos uma celebração do preconceito, mas uma celebração das diversas ideias, das diversas correntes de pensamento, das diversas opiniões, que nunca cegas, convergem para o humanismo e o prazer! Assim, que paciência...
Campina Grande da Paraíba –
Sesc – Público aproximado: 100 pessoas
Amigo: Leo
Campina Grande é, digamos assim, uma cidade com “vibrâncias”. Pulsa, pra dizer a verdade! É um lugar onde a simpatia está escancarada em cada sorriso, em cada olhar otimista. Fomos muito, mas muito bem recebidos e o tempo todo nos sentimos em casa, felizes com a receptividade. O espetáculo... bem... foi delicioso. O debate duraria mais de duas horas, porque nunca, ninguém, cansava de perguntar e as curiosidades sobre o processo do Delírio e as repercussões do espetáculo não foram poucas. O debate é sempre quase tão vibrante quanto a peça, por tudo fica ainda mais informal e o papo corre solto. Nosso “Evangelho...” é simples na forma, mas a elaboração da interpretação e da dramaturgia, quando entendida como um direito à palavra, à poesia e à inteligência é sempre celebrada. Campina Grande compreendeu nosso recado e fomos, por lá, felicíssimos!
OS: As fotos das ceias? Bem... houve um pequeno problema de identificação, então que cada fotografado precisa encontrar seu lugar. Mas está todo mundo lá!!!
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
TRILOGIA DO RIO MADEIRA (3) – Por Tiago Luz
III – AMENIDADES DO ANTES, DURANTE E DEPOIS DA BATALHA.
De nossa chegada a Rondônia até o dia de nossa partida, apreciamos um desfile de rostos simpáticos e dispostos. Das atendentes do hotel aos nossos anjos do SESC, recebemos um abraço incomum, delicioso e humano, sem a subserviência ou arrogância que a burocracia costuma imprimir como extremos. Nosso primeiro amigo, Claudio, nos levou para jantar na calçada da fama. Dois chops mais tarde, voltamos para o hotel onde encontramos os integrantes do grupo Amoc do Rio de Janeiro, que também estão no palco giratório. Promovemos uma festa em um dos quartos. Conversamos de teatro e música a zumbis e signos do zodíaco. Nossos colegas de nomes exóticos, Ruda, Bruce,..., partiram no dia seguinte na mesma hora em que nos preparávamos para mais um ensaio de Kafka. Depois da apresentação do “evangelho” fomos jantar a beira do rio em um espaço muito agradável, onde os nossos amigos (de pouca data, mas de santos muito parecidos) Andressa e Claudio acabaram virando power ranger com o Guilherme, o Gustavo e a Cecé. E eu acabei virando o Zord, seja lá quem ele for. Fato é que os nossos celulares agora têm o mesmo toque quando recebem mensagens - PÍPIPIRIPÍPI – quem tem menos de trinta anos já sacou qual é a da musiquinha. Fomos cedo para casa (hotel) porque o dia seria de sangue, suor e ranger de dentes. No dia seguinte, mesmo ensaiando como alucinados, tivemos tempo de comprar um vestido de presente para a Rê, que estava de aniversário. Acertamos na compra porque ela ficou linda e gostosa. Depois de apresentar Kafka, durante o debate, cantamos parabéns para ela, que saiu de Rondônia com cinco propostas de casamento, mas como o compadre Beto tem muita moral não correu risco algum. Como dizia anteriormente, depois do “Périplo kafkiano de Porto Velho”, fomos para o hotel com aquela sensação de quem sobreviveu a uma queda vertiginosa. Um banho rápido e saímos, a pé, aventureiros que somos, afim de conhecer a cidade ao lado dos nossos novos amigos, que por ser péssimo com nomes só lembro de alguns, logo não serão citados para não cometer nenhuma injustiça. Uma rapaziada gente boa em ultimo grau, como dizemos por aqui. No caminho, uma cachorrinha de rua resolveu nos adotar e logo recebeu o nome de Piculicã. Como eu disse abusamos do piculiquismo. Ao chegarmos à beira do rio, uma outra cachorrinha de rua veio correndo, fazendo festa para nossa tchurma que foi logo acarinhando a bichinha (amamos profundamente as “árvres” e os bichinhos de Deus). Ficamos duplamente felizes, mais uma cachorrinha simpática. Mas assim que a outra avistou a nossa Piculicã, avançou sobre ela com mordidas e xingamentos caninos. Guilherme, que já havia se afeiçoado a Piculicã, tratou de separar a briga. Mas a outra cachorra ciumenta e enfurecida não cessava os xingamentos e tentativas de mordida. Até que chegou um vira-lata de médio porte, com cara de gente boa (cão bom) e cheio de dignidade que eu chamei de Jack, sei lá por quê. Isso me fez pensar, não somos nós, vez ou outra, assim também. A cachorra ciumenta não pensou que nós estivéssemos dispostos a dividir o carinho entre elas, viu na Piculicã apenas uma ameaça sobre aquilo que ela julgava ser dela, sua raiva canina a deixou sozinha na beira do rio. Fomos escoltados por Jack e Piculicã até a cantina do porto onde ela ganhou alguns pedaços de queijo (era o que tinha sobrado quando ela voltou, depois de ter sumido com Jack para fazer safadezas). Voltamos a pé com os nossos amigos para o hotel. Cantando chegamos mais rápido do que fomos. O resto da noite? Outra história, só que essa não vai para o blog, vai ficar guardadinha na memória.
Epílogo
Antes de ir embora fizemos um passeio de uma hora pelo Rio Madeira, com direito a contexto histórico e tudo. O rio é imenso e lindo. A história da cidade é rica em acontecimentos, de uma importância que ultrapassa as fronteiras do Brasil. Vimos a hidrelétrica, a ponte em construção que vai ligar uma parte da transamazônica e alguns botos tímidos com a luz do dia (diz a lenda que à noite eles são um perigo para as moças que se aproximam das margens do rio). Fomos levados ao aeroporto e nos despedimos da Andressa, do Claudio, do Grilo, deixando um abraço aos técnicos do teatro que nos ajudaram muito. Da “batalha de Porto Velho”? Roubamos alguns corações amigos e nos fortalecemos ainda mais como grupo. Que venham esses dois meses de viagem! Nossa odisséia começa no dia 07 rumo a Campo Grande-MS. Quantos delírios ainda estão por vir? Muitos, espero... Esperamos!
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
TRILOGIA DO RIO MADEIRA (2) – Por Tiago Luz
II - DELÍRIO ÉPICO
“Revoluções Apolíneas e Dionisíacas! Porque o teatro não se faz com apenas um deles e se acaso tentam ele sai manco, deformado. Ou ainda, belo... porém, arrogante e insípido”
O palco giratório, para os grupos envolvidos, acontece ao longo de um ano inteiro e muita coisa pode acontecer durante esse tempo, como por exemplo, uma atriz engravidar... o que de fato aconteceu. Ou o elenco se modificar de forma radical, em função de outros compromissos ou decisões pessoais... o que também aconteceu. Então que remontar Kafka se tornou um ato de heroísmo, de coragem épica. Um novo texto teve que se adaptar a novos atores e todos os envolvidos se adaptarem à urgência. Aqui cabe uma reflexão sobre a máquina humana e a arte do ator. Nosso cérebro é capaz de realizar façanhas incríveis. Um exemplo? Mais do que isso, comecemos com o nosso diretor e autor (Edson Bueno) que, em meio aos atropelos da vida, sob raios e trovões, conseguiu a façanha de adaptar e dirigir um texto de cinco para três atores e deixá-lo tão genial quanto o primeiro, talvez que a urgência exija de nós apenas o essencial e isso, por si, alcance lugares mais elevados. Como no caso dos nossos PICULICOS (*) Guilherme, Gustavo e Cecé que em pouquíssimos dias deram conta de promover um espetáculo realmente kafkiano, denso e rico. Que enfrentaram ensaios exaustivos, mas prazerosos, com um sabor raro, que só é capaz de sentir aqueles que ultrapassam os seus limites e ampliam o seu olhar. Quanto à arte do ator quero falar sobre o “NÃO”, um não muito específico. Os atores que dizem não, o dizem de várias maneiras: com o corpo, com o olhar, com o ar que sai do pulmão. O ator que diz “NÃO” pode parecer arrogante, mas é o medo que o leva a dizer não. Que faz com que ele desconsidere o todo e fique surdo, pensando apenas no próprio umbigo, em uma forminha de “decorar” o texto. “Decorar” texto é coisa de apresentação do ensino fundamental quando a “Tia” distribui meia dúzia de falas pqrq cada um e depois faz um jogral. Ou o ator compreende o que esta falando ou vai subir no palco para virar número, ou pior, atrapalhar o colega de cena que terá de compensar a preguiça alheia. O ator que diz não é um repetidor sem entusiasmo, sem vida. É aquele que se deixa tomar pelo medo e tenta desesperadamente passar pela vida com o mínimo de esforço, com o mínimo de sofrimento e também com o mínimo de satisfação que é só o que o medo e a preguiça podem oferecer. Em mais de dez anos de Grupo Delírio ouvi poucos atores dizerem não, alguns seguiram outras profissões ou se contentam em fazer teatro empresa (atividades digníssimas, mas que definitivamente conflitam com o espírito de um artista). Mas ainda bem que em algumas camadas acima dos idiotas da objetividade, como diria o tio Nelson Rodrigues, se encontram os atores que dizem “SIM”. O ator que diz “SIM” é o herói que engrandece a obra. Que transforma uma batalha em poesia e não entra nela pensando apenas em sair vivo. Nesse tipo de aventura é comum acontecer de bobos virarem heróis enquanto as espadas dos que se consideram grandes guerreiros se quebram e suas capas voam perdidas pelo campo de batalha e na lama são pisoteados pelos cavalos dos oponentes.... humhum... bom, o título avisa que é um delírio épico e dito isto há que se desconsiderar até os erros de português. Enfim, como é bom ouvir o “SIM” de um ator. É a certeza de que o mistério do teatro vai acontecer, de que ele reconhece o teatro como arte coletiva e, mais do que qualquer coisa, confia e aposta no seu colega, como um guerreiro que vai para a batalha considerando apenas dois caminhos possíveis, a glória ou a morte, e se prepara com honra para enfrentar os dois. Foi muito bom ver o Gustavo inteiro, com uma presença de cena que só um ator de verdade possui. O mais inseguro em relação ao texto, e o mais preciso na hora do vamos ver, chegando mesmo a consertar um ou outro buraco, prova de que sabia o que estava falando. A Cecelíca desentocando uma toupeira, com a faca nos dentes e uma personalidade docemente sádica, sentindo o ritmo deliriano. Foi muito bom ver o amigo Guigo Fernandes peleando provavelmente um dos maiores desafios de sua curta, mas intensa e produtiva, vida de ator. Ouvindo sugestões de sutilezas para sua interpretação minutos antes da peça com a humildade que só os bons atores tem. E administrando aquilo que ouviu com a qualidade que só um grande ator tem. O desfecho da batalha de Porto Velho? A glória!!! Porque os guerreiros foram bravos e lutaram com honra. O melhor dessa batalha é que ninguém perdeu, não houve feridos, pois como eu disse a nossa revolução é Dionisíaca, Apolínea.
Apêndice
Depois do espetáculo a maior parte do público ficou p conversar com o grupo, por volta de 100 pessoas. Apesar da densidade da matéria prima do espetáculo a conversa foi leve e agradável. O Gustavo contou de suas inspirações para compor o personagem, o que proporcionou um show a parte. O Guilherme assumindo a responsabilidade com as perguntas sobre o espetáculo, sem ficar muito atrás do Gustavo no quesito comédia. A Cecelíca belezinha, sendo graciosa. E eu, o Fernando e a Rê (aniversariante, linda de vestido novo) dando um pitaco aqui e outro ali, da platéia mesmo. Meia hora depois, com o cenário desmontado, fomos para o hotel aproveitar os espólios da batalha. Mas isso também é outra história.
(*) - termo palco-giratoriano criado pelo elenco e utilizado para indicar quase tudo, de um gole de suco a partes específicas do corpo
humano.
humano.
TRILOGIA DO RIO MADEIRA (I) – Por Tiago Luz
Porto Velho – 28 e 29 de setembro – 20h00
Dia 28: O Evangelho Segundo São Mateus
Público: 70 pessoas
Dia 29: Um Kafka – (Escrever é um sono mais profundo do que a morte)
Público: 150 pessoas
Amigos: Andressa e Claudio
I – DE PREPARAÇÃO
“Desembarcamos em Porto Velho com espírito desbravador, entusiasta, revolucionário. como os estrangeiros que se arriscaram às margens do rio madeira para construir a estrada de ferro que passa pela cidade. Mas a nossa revolução é Dionisíaca, Apolínea. E acontece tanto fora quanto dentro de nós”.
Então que o nosso teatro é ecumênico e de um panteão festejamos um único Deus, o Deus da humanidade. Esse Deus que nos conecta, independente de crenças e convicções, por vias simples e diretas, como o desejo de ser feliz e fazer o bem. Cabe aqui a frase emblemática do nosso espetáculo: “ama a teu próximo como a ti mesmo”. O silêncio que essa frase produz, no momento em que é dita, é o silêncio da reflexão, da comunhão, do encontro com algo tão primitivo e essencial quanto o ato de respirar. Como ator, fazer esse espetáculo é massagear a própria alma, acarinhar o espírito. “o que contamina o homem (...) é o que sai de sua boca”, o que o eleva também, uma vez do lado de fora, a palavra se enche de novos significados. Um espectador, durante a conversa depois do espetáculo, disse: “a gente sente que o que vocês estão dizendo é de dentro para fora mesmo”. Aí pensamos (o público e nós) que esse encontro é também um culto, sem sacerdotes, sem verdades absolutas, regido apenas pelo encontro sensível das palavras e das pessoas. Mateus, Fernando Pessoa, Clarice Lispector, Edson Bueno... ou a criança de oito anos, na primeira fila, que se levanta para dizer que mirra é um perfume, um incenso. “Daí” que esse nosso encontro foi tão poderoso e conciliador, que chegamos a cogitar a possibilidade de repetir a dose no dia seguinte no lugar da nossa peça de repertório “Kafka – escrever é um sono mais profundo do que a morte”. O que felizmente não aconteceu. Aqui começa uma outra história, afinal não fomos a Porto Velho só pra fazer pão.
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